Representantes da indústria de biodiesel apresentaram na quinta-feira (6) ao governo federal diversas sugestões para fomentar o segmento e aumentar a produção para 18 bilhões de litros até 2030, contra os 4 bilhões de litros produzidos em 2015, com potencial de gerar investimentos de R$ 22 bilhões no período, apenas no processamento do combustível e no esmagamento de soja.
O diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, disse à Reuters que um documento reunindo as sugestões foi elaborado a partir de um chamado do Ministério de Minas e Energia, que queria ouvir as ideias do setor para o futuro.
“É uma atitude extremamente positiva que o Ministério de Minas e Energia adotou. Foi o secretário (de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis), Márcio Félix, que nos chamou e pediu para que nós elaborássemos isso para que o ministério possa tomar atitudes”, disse Tokarski.
O documento, obtido pela Reuters com exclusividade, foi elaborado pela Ubrabio, em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).
Para atingir a produção de 18 bilhões de litros em 2030, Tokarski conta com medidas de incentivo do governo para a indústria de soja, principal matéria-prima do combustível renovável, e com o crescimento progressivo do consumo.
A expectativa é que, até 2030 seja obrigatória a mistura de, no mínimo, 20% de biodiesel no diesel comum, permitindo que a participação do combustível renovável na matriz energética atinja 3,5% em 2030 contra 1,2% hoje.
Atualmente, uma lei prevê o aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel, passando dos atuais 7% para 8% em março de 2017, aumentando 1% ao ano até chegar a 10% em 2019.
O setor espera que o governo adote políticas de promoção e industrialização da soja, para que possa ampliar a competitividade internacional de seus produtos, sobretudo do farelo.
O documento apresentado pelas entidades ao governo estima que a produção de soja chegará em 2030 a 165 milhões de toneladas, ocupando 44.6 milhões de hectares, contra as 104 milhões de toneladas estimadas para a safra 2016/17.
“Isso proporcionará a manutenção de exportação da soja em grãos nos patamares que nós temos hoje e, de agora para frente, a destinação principal do aumento da produção seria para o esmagamento interno, consequentemente agregando valor aos produtos nacionais”, afirmou o executivo.
Considerando a meta de 65% de processamento interno da safra em 2030, o documento apontou que o Brasil produzirá 84.7 milhões de toneladas de farelo contra as 31.1 milhões de toneladas estimadas para 2017 e 19.9 milhões de toneladas de óleo contra as 8.1 milhões de toneladas previstas para o ano que vem pela Abiove.
Entretanto, o desenvolvimento de outras matérias-primas, como óleo de palma, também são importantes, na avaliação de Tokarski. Segundo ele, a ideia é que a soja tenha a mesma participação na produção de biodiesel atual, de 77%.
O consumo de diesel já misturado com o biodiesel no Brasil deverá atingir 90 bilhões de litros em 2030, segundo as entidades contra os atuais cerca de 60 bilhões de litros, considerando o crescimento anual de consumo de 3,9% nos últimos anos.
Fonte: Reuters