A escolha do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller (PMDB), que assumiu dia 17 deste mês como novo ministro da Pasta, recebe elogio de líderes e formadores de opinião do agronegócio.
“O novo ministro é um profissional do mercado, atuante no setor, principalmente em relação à soja, algodão e milho, pois é produtor de grãos em Mato Grosso: disso, ele entende muito bem”, atesta Antonio Alvarenga, presidente da SNA.
“É uma satisfação ter o Neri Geller no comando da Pasta da Agricultura. Além de bom produtor, ele conhece os problemas que nos aflige, sabe como trabalhar e tem competência para ser um bom ministro”, aprova o ex-secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Marfrig.
“Torço para que ele tenha a habilidade necessária para se impor perante a equipe econômica e os diferentes órgãos do governo”, acrescenta ele, lembrando que, na terça-feira (18), por exemplo, Geller afirmou que pretendia priorizar a defesa sanitária, que, na sua avaliação, tem um corpo técnico excelente, mas depende da Anvisa, do Ministério do Desenvolvimento, do Ministério da Saúde.
Na opinião de Sampaio, o grande desafio do Geller é o fato de que será ministro por apenas nove meses e terá dificuldades para assinar novos convênios. “Como vai trabalhar com menos ferramentas, precisará de muita criatividade.”
De qualquer forma, é um bom nome, de acordo com Alvarenga, “mas a margem de manobra, o que ele pode fazer em prol do setor, pelo tempo e espaço que a agricultura tem no governo, é muito pouco”, pondera. “Como o mandato vai até o fim do ano, por causa da eleição, Geller ficará nove meses na gestão, pegando o Ministério da Agricultura bastante fragilizado”, argumenta.
“Espero que ele tenha força política para conseguir coordenar ao menos as atividades relacionadas que são tocadas por outros Ministérios”, salienta o presidente na SNA, que aponta outros entraves a serem enfrentados por Geller, atrelados à governança do Mapa, que, na sua opinião, pouco responde à própria Pasta.
“Por exemplo, a agricultura familiar está atrelada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário; a cana, o açúcar e o álcool estão subordinados ao Ministério das Minas e Energia e ao Ministério da Indústria e Comércio; as exportações, ao Ministério das Relações Exteriores; o Ministério do Meio Ambiente cuida do Cadastro Ambiental Rural, que cuida do Código Florestal. Além disso, a área financeira do agronegócio depende das diretrizes do Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento Econômico, ou seja, o ministro da Agricultura tem muito pouca margem de manobra”, detalha ele, que resume: “Boa parte do que diz respeito à agricultura, ao agronegócio está fora do Ministério da Agricultura”.
Presidente da Academia Nacional de Agricultura, mantida pela SNA, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues acredita na competência de Geller, a quem se refere como “o grande artífice do bom plano da safra lançado pelo Mapa em 2013”. “Estamos muito satisfeitos com a indicação do secretário Neri Geller para comandar o Mapa. Conhece profundamente o setor (até como produtor rural que é), relaciona-se bem com as entidades e líderes de classe da agropecuária e do agronegócio, está super familiarizado com a máquina pública e tem visão estratégica do setor. Tanto isto é verdade que foi o grande artífice do bom plano da safra lançado pelo Mapa em 2013”, comemora o atual Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Estamos convencidos que fará um excelente trabalho em suas novas funções e oferecemos a ele apoio integral, para tudo o que precisar de nós”, acrescenta.
De acordo com Eduardo Daher, diretor executivo da Andef, a agricultura brasileira vê com muito bons olhos a nomeação do Neri Geller para o Ministério da Agricultura. “Geller tem em sua trajetória duas bagagens importantíssimas para ocupar uma pasta como a Agricultura: a primeira, a vivência de quem conhece, na pele, as lidas do campo e suas muitas dificuldades; a segunda, como uma das principais lideranças da Aprosoja, tem grande capacidade de articulação e diálogo com os demais setores do agronegócio, lideranças políticas e autoridades do governo”, justifica.
“No setor de defensivos agrícolas, colocado como um dos tripés de sua gestão, como disse o novo ministro em sua posse, recebemos com ânimo e confiança”, afirma Daher, lembrando que Geller antecipou que a agilidade na avaliação dos registros de defensivos agrícolas será uma das suas prioridades.
“Essa visão é estratégica, pois contribui para aprimorar ainda mais a produção de alimentos e, de forma mais ampla, para promover o desenvolvimento econômico do país, afinal, sabemos que a produção agropecuária vem sustentando o Brasil nos últimos anos. Dar subsídios e condições para que a agricultura nacional tenha competitividade com outros players do mercado mundial é o que se espera do Ministério da Agricultura – temos certeza que o novo ministro será um parceiro nesta empreitada. O restante, os produtores, a indústria e a academia vêm fazendo com maestria nos últimos 40 anos”, pontua ele, que finaliza: “Com a visão da importância que a inovação tem para a produção rural e da necessidade de diálogo com todos os elos envolvidos na atividade, temos a certeza de que a agropecuária brasileira dará um grande salto de desenvolvimento neste ano de 2014”.
Por Equipe SNA/SP