O investimento crescente em pesquisa tem trazido ao campo novidades e perspectivas prósperas para as próximas safras do trigo. Porém, mais do que acesso à tecnologia, é preciso saber usá-la. Escolher a melhor semente, realizar o manejo recomendado para reduzir os impactos das doenças e segregar a produção são medidas importantes para qualificar o plantio e garantir maior rentabilidade para toda a cadeia tritícola. Com este objetivo, a Biotrigo Genética realizou nesta terça-feira (28), o Seminário Técnico Biotrigo no Gran Palazzo, em Passo Fundo. Cerca de 350 técnicos, sementeiros, produtores, estudantes, representantes de moinhos, imprensa e governo trocaram experiências e conheceram os lançamentos da Biotrigo Genética para a safra 2015 que se inicia em maio.
A Biotrigo Genética é líder no segmento de sementes de trigo na América Latina e detentora de aproximadamente 90% de market share no Rio Grande do Sul e 67% no Brasil. Conta atualmente com um portfólio de 14 cultivares de trigo, incluindo dois novos projetos focados em segmentos ainda inéditos no mercado. Todos estes produtos, segundo o Diretor Técnico da Biotrigo, Ottoni Rosa Filho, são resultado de mais de duas décadas do programa de melhoramento. “Nossas cultivares resultam de pesquisa e investimento em tecnologia e, por isso, são reconhecidas como de excelente produtividade e de um ótimo balanço entre qualidade para a indústria panificadora e características agronômicas, facilitando o manejo e oferecendo segurança ao produtor rural”, destacou.
Segregar para garantir maior liquidez
No evento, a Biotrigo buscou debater a importância da segregação e as exigências da indústria moageira em relação a qualidade da farinha que chega ao consumidor. O assunto foi tema das palestras realizadas pelos gestores dos moinhos Irati (PR) e Tondo, de Bento Gonçalves (RS). Segundo responsável pelo setor de Pesquisa e desenvolvimento da Moageira Irati (PR), são imprescindíveis mudanças no modelo atual de distribuição e armazenagem de trigo para aumentar a rentabilidade em toda a cadeia produtiva.
“A segregação profissionaliza a cadeia, ameniza impactos climáticos, garante a entrega de um produto de qualidade, agrega valor e dá maior liquidez ao trigo”, destacou. Jeferson Lima, gestor comercial do Moinho Tondo (Caxias do Sul), ressaltou que as perspectivas para o mercado do cereal são boas devido à grande procura para suprir a demanda interna. “Isso é bom, porque encontramos um mercado que demanda trigo e é possível ofertar uma excelente safra tanto em produtividade como em qualidade”, acrescentou.
Atualmente o país consome 11,1 milhões de toneladas de trigo, mas apenas seis milhões são produzidas no país e o restante importado. “Este déficit mostra o grande potencial do mercado. Se produzirmos com qualidade, tem mercado o ano todo, mas é necessário que toda a cadeia se atente as exigências da indústria e da legislação”, alertou.
Performance industrial e segregação
Atenta as demandas do campo, mas também da indústria e do consumidor, a Biotrigo apresentou resultados de performance de panificação. Segundo a Supervisora de Qualidade Industrial da Biotrigo Genética, Kênia Meneguzzi, os resultados obtidos nos processos de panificação, demonstraram um salto de qualidade industrial das cultivares TBIO. “Os materiais foram todos aprovados em abertura de pestana, volume, características da crosta, cor e estrutura do miolo, sem sacrificar o desempenho agronômico”, disse.
O Supervisor de Novos Negócios da empresa, Rodrigo Basso, destacou também a importância de pensar no trigo como um negócio em termos de cadeia produtiva, “Atualmente existe uma diversidade grande no mercado de cultivares com características, particularidades e comportamentos diferentes tanto no campo como no moinho. Por isso, a importância de um plano de recebimento, segregação e homogeneização para assegurar identidade e liquidez ao cereal, afinal o consumidor está exigente”, defendeu. Finalizando, Rodrigo se ofereceu para orientar novos projetos de segregação de trigo baseado em sua experiência e nos resultados de panificação das cultivares.
Cultivares inéditas trazem novas perspectivas para a triticultura
Novas cultivares chegam ao mercado nesta safra oferecendo perspectivas promissoras para quem pretende investir no trigo em 2015. Tiago de Pauli, supervisor comercial da Biotrigo Genética, apresentou detalhes do manejo do TBIO Toruk que chega nesta safra aos sementeiros. “O TBIO Toruk é uma cultivar com alto rendimento, qualidade e vigor. Filho de Quartzo, Mirante e com genética francesa, o Toruk tem um tipo agronômico de planta diferenciado, porte baixo, forte perfilhamento, uniformidade de espigamento, florescimento e maturação”, explicou.
Outra novidade que promete revolucionar a próxima safra é o TBIO Sossego. “Nunca foi tão fácil colher tanto”, disse o Diretor de Negócios da Biotrigo, André Rosa. A cultivar, que será apresentada aos produtores nos Dias de Campo dos principais sementeiros nesta safra, é considerada a de melhor pacote fitossanitário já lançado do país – como fica subentendido pela escolha do nome da mesma. TBIO Sossego apresenta ampla adaptação, excelente potencial produtivo e será indicado preferencialmente para lavouras de baixo e médio investimento em todas as regiões tritícolas do país. Segundo André, TBIO Sossego une rusticidade, qualidade e produtividade como nenhum outro.
Manejo e controle da Giberela
O manejo e controle de doenças do trigo foi abordado pelo pesquisador da FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), Herado Feksa. Em sua palestra, ele defendeu maior cuidado com a lavoura e maior investimento em assistência técnica para produção de um trigo de melhor qualidade. Segundo Feska, a receita para produzir trigo com níveis baixos de micotoxinas, prevalentemente Deoxinivalenol (DON), inclui: conduzir a lavoura limpa até o advento do espigamento e daí para diante utilizar de duas a quatro aplicações de triazóis e/ou carbendazim em intervalos de 7 a 10 dias.
Segundo André Rosa da Biotrigo,a Cooperativa Agrária é o melhor exemplo de manejo e produção de trigo, em larga escala, com baixo DON no Brasil. “Muito estudo foi realizado para chegar onde chegaram. Por isto tudo, as indicações de Heraldo devem ser levadas tão a sério, por mais que pareçam distintas da prática corrente nos dias de hoje”, complementou Rosa.
Resistência de Plantas Daninhas
Trigo, importante ferramenta no manejo de ervas daninhas resistentes, foi o tema da palestra do engenheiro agrônomo e pesquisador da UPF (Universidade de Passo Fundo), Mauro Rizzardi. Segundo ele, o manejo e controle de plantas daninhas na cultura do trigo constituem-se uma das formas mais econômicas de controlar ervas daninhas, como a buva e azevém, cada vez mais resistentes a glifosato e outros herbicidas. Segundo o Diretor Técnico da Biotrigo, Ottoni Rosa Filho, o assunto hoje é mundialmente importante tendo em vista que as empresas que produzem novos herbicidas tem alertado que devemos resolver os problemas de invasoras com as moléculas já disponíveis, e não, ficar esperando uma molécula nova que resolva tudo – já que esta não parece existir até o momento.
Resultados de Ensaios de Manejo
Com o objetivo de complementar as informações sobre cultivares da Biotrigo, o Gerente de Produção de Sementes da Biotrigo, Igor Tonin, repassou aos participantes os resultados de experimentos conduzidos pela empresa. “Quando o assunto é manejo de Nitrogênio (N) os resultados de três anos de ensaios indicam que uma aplicação de N em cobertura é muito pouco. O ideal são três, mas com duas já se consegue ganhar em qualidade mantendo rendimento e minimizando um pouco o risco de perder o N aplicado por excesso de chuvas” , explica Tonin. Já os resultados de controle de giberela e micotoxinas, também de três anos, confirmam que aplicações adicionais, após espigamento, tem aumentado o rendimento e diminuído micotoxinas sensivelmente.
Fonte: Agrolink