O cooperativismo no setor orgânico está cada vez mais focado na segurança do produtor, e o objetivo é garantir a ele a oportunidade de acesso ao mercado. “Quem faz o preço é o produtor”, afirmou Ricardo Fritsch, presidente da Coopernatural, cooperativa de agricultores familiares do Rio Grande do Sul.
Segundo ele, o produtor quer ter a segurança de que aquilo que ele irá vender terá mercado. “O diálogo é importante para que o produtor tenha uma certa garantia de que tudo que foi produzido será comercializado, com toda a técnica que for necessária”.
Ao participar esta semana de uma videoconferência sobre o mercado de orgânicos, Fritsch destacou que “o cooperativismo “só funciona se todas as partes forem beneficiadas”, e que “o estímulo ao produtor é ser reconhecido”.
A exemplo de sua cooperativa, o executivo falou ainda sobre a necessidade de garantia do pagamento antecipado aos produtores, para que eles tenham os recursos necessários à sua atividade. “Existe um comprometimento com o produtor (e vice-versa), e hoje já podemos fazer uma projeção de vendas”, disse Fritsch.
Presente ao debate, a diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner, reforçou as palavras do presidente da Coopernatural, e afirmou que a preocupação com os direitos e o bem-estar dos trabalhadores do campo “é um grande diferencial” no cooperativismo.
“O produtor é uma pessoa sacrificada que se esforça com amor para mostrar seu produto saudável aos consumidores”, ressaltou a diretora da SNA.
Proximidade
Segundo ela, a preocupação com uma proximidade maior entre produtores e público-alvo é também outra característica do setor. “A importância de compartilhar experiências e informações com toda a cadeia é a realidade do mundo orgânico. Os consumidores sentem essa dedicação que temos com o setor. É também um processo de aprendizado”.
Por sua vez, Fritsch observou que há uma necessidade cada vez maior de humanização no processo de interação com os consumidores. “Fazemos vídeos para mostrar como é realmente a produção no campo e entrevistamos agricultores in loco, para que ele tenha a oportunidade de abordar aspectos importantes do setor que o público precisa ter conhecimento”.
Para Sylvia, o consumidor está entendendo cada vez mais os conceitos básicos da agricultura orgânica. “É uma cadeia transparente, onde o público recebe do produtor informações sobre o produto e sua rastreabilidade”, disse ela, acrescentando que é preciso despertar o interesse da nova geração pelo setor, como forma de perpetuar o cooperativismo no futuro.
“Começamos a colher os frutos de 20 anos atrás. É uma indústria de risco, mas que começa a encontrar uma resposta por parte dos consumidores, que passou a gostar e a consumir produtos diferenciados. Além disso, esse investimento começa a voltar para os produtores. O mercado avançou muito”.
Conhecimento
Já o presidente da Coopernatural destacou a importância de aquisição de conhecimento sobre o setor, com o incentivo à troca de informações. “A ideia é sempre levar mais informação aos nossos consumidores”, incluindo, além de dados específicos sobre os produtos e sua origem, aspectos sobre os custos de produção.
Nesse contexto, a diretora da SNA acrescentou que “os preços dos produtos orgânicos, por mais diferenciados que sejam, “já não são tão diferentes dos convencionais, principalmente aqueles in natura”.
Desempenho
Sylvia também falou sobre o bom desempenho dos orgânicos durante a crise sanitária. Segundo uma recente pesquisa do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da SNA, em meio à pandemia, o segmento cresceu de 30% a 50%.
“Isso é fantástico, porque os consumidores entenderam que alimentação tem a ver com saúde, que é a coisa mais valiosa que eles têm. Alimentar-se bem é muito importante, e foi isso que a pandemia deixou para o setor de orgânicos”, disse a especialista, ressaltando que o crescimento do comércio virtual na crise, bem como dos serviços de delivery, incluindo a entrega de cestas em domicílio, contribuíram para o atual cenário.
Ainda durante a videoconferência, o presidente da Coopernatural anunciou, para esse ano, o lançamento de novos produtos orgânicos, entre eles, vinagres balsâmico e de maçã, tomate seco com azeite de oliva, ervas e especiarias, além de lentilhas e ervilhas secas.
Fonte: Coopernatural
Equipe SNA