Segundo trimestre deve definir o ritmo do segundo semestre no agronegócio no Brasil

Estimativas divulgadas pela DATAGRO Consultoria Agrícola sobre a comercialização da safra 2023/24 apontam que 33% já foi vendida – Foto de Loren King na Unsplash

Os sérios problemas ocorridos nesta safra de grãos no Brasil como a redução da produtividade, a queda dos preços e a instabilidade climática, têm desencadeado efeitos em diversas áreas, a exemplo do atraso na comercialização de fertilizantes e, futuramente, entraves no setor de logística.

O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, afirmou que o produtor brasileiro de grãos está preocupado. “A paridade está com grande diferencial. Diante desse cenário, o produtor não está vendendo a soja e, por conta disso, está relutando em comprar fertilizantes e demais insumos para a próxima safra. Ele está aguardando o desenrolar das muitas variáveis para a aquisição destes produtos e ainda está na expectativa de melhoria dos preços para ter uma melhor relação de troca”.

Problemas de logística

Para o representante da SNA, a grande preocupação do setor de insumos, hoje, é que esse atraso na comercialização resulte em sérios problemas de logística. “Todos vão querer comprar ao mesmo tempo e haverá uma super demanda por transporte, gerando um choque com a demanda de transporte de grãos”.

Estimativas

Estimativas divulgadas pela DATAGRO Consultoria Agrícola sobre a comercialização da safra 2023/24 apontam que 33% já foi vendida. “Esse número mostra um pouco menos do que o percentual do ano passado. Porém, essa diferença é mais elevada se compararmos com a safra recorde de 2021/21, cujo percentual foi de mais de 62% nessa mesma época do ano. A média dos últimos cinco anos é de 48,5%”, comentou Hélio Sirimarco.

Safras dos EUA e Argentina

O foco agora está nas safras de milho e de soja dos Estados Unidos, que terão início em breve. A primeira estimativa do USDA foi de um aumento da área de soja e uma redução na área de milho. Caso ocorra algum problema na safra, isso vai impactar os preços na Bolsa de Chicago. Caso não haja, também vai pressionar os preços, influenciando no mercado brasileiro.

A demanda por soja dos EUA nesse ano está abaixo da estimativa do USDA. “Eles não estão atingindo os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e há uma preocupação com o aumento de estoques”, disse o vice-presidente da SNA.

Nos últimos dois anos, a Argentina, terceiro maior produtor e exportador de grãos do mundo, teve graves problemas com as safras de soja e milho, porém está se recuperando nesse ano. “Desta forma, teremos um expressivo estoque, impedindo uma alta de preços e, com isso, o produtor terá de fazer contas. Para completar, houve aumento de pedidos de concordata em razão de problemas financeiros no setor”, afirmou Hélio, adiantando que esse segundo trimestre vai definir o que vai acontecer no segundo semestre deste ano.

Prioridades

O produtor brasileiro deve dispensar uma atenção especial à parte de gestão de riscos adequada para administrar a comercialização da sua safra, além da parte de armazenagem de grãos. “A logística, incluindo a parte de estocagem, é um dos grandes gargalos atuais a ser resolvido para que o produtor não tenha que comercializar seu produto a qualquer preço por, simplesmente, não ter onde armazená-lo”, enfatizou Sirimarco.

“Um dos projetos mais discutidos no momento é o da Ferrogrão que, quando for aprovado,vai realmente facilitar muito o transporte, principalmente a partir de Mato Grosso, e do Norte para os portos do Arco Norte, reduzindo o custo de transporte e ainda a emissão de carbono, porque vai diminuir o transporte rodoviário”, finalizou o vice-presidente da SNA.

Confira a entrevista completa!

 

Por Larissa Machado
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