O Brasil enfrenta uma das piores secas das últimas décadas, e algumas commodities – principalmente o café e a cana – tiveram sua produção afetada.
No caso do café, apesar do problema, o mercado interno não irá sofrer com a falta do grão. “A produção pode cair 18%, quando a colheita terminar no próximo mês, passando para 40,1 milhões de sacas, após um declínio de 3,1% no ano passado, conforme anunciou o Conselho Nacional do Café (CNC). Se os números pessimistas se confirmarem, 2015 pode ser o terceiro ano consecutivo de queda de produção, o que seria o declínio mais longo desde 1965”, afirma Helio Sirimarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura.
Já a previsão da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) é mais otimista e prevê que a safra 2014/15 deverá ficar entre 45 e 47 milhões de sacas. No entanto, observa Sirimarco, “apenas quando a safra que está sendo colhida terminar, é que o setor terá números exatos para a quebra”.
Em 21 de agosto, o Citigroup Inc. previu que o déficit global na produção de café poderá durar até 2016, por causa da escassez do grão no Brasil, que no ano passado respondeu por 36% da oferta mundial.
NO VAREJO
Para o consumidor final, também deverá haver aumento. “O contrato futuro de café arábica subiu 71% neste ano, para US$ 1,892, na ICE Futures U.S. Foi o maior ganho entre 22 matérias-primas no índice Bloomberg Commodity, que caiu 0,1%. Os contratos futuros podem subir mais 19% até o fim de dezembro, para US$ 2,25 a libra-peso (454 gramas), conforme mostrou uma consulta da Bloomberg a 18 analistas. O aumento está forçando compradores como a J.M. Smucker Co., produtora da Folgers, a marca mais vendida dos EUA, a elevar os preços no varejo”, explicou o diretor da SNA.
De acordo com Donald Selkin, que ajuda a gerenciar US$ 3 bilhões como estrategista-chefe de mercado da National Securities Corp. em Nova York., “o mercado está vulnerável ao incremento, devido a todos os problemas no Brasil. As pessoas estão prevendo ofertas mais apertadas e esperando evoluções climáticas mais drásticas”.
MAIOR IMPACTO
Além do café, a cultura mais afetada pela seca, segundo Helio Sirimarco, foi a da cana. O diretor lembra que importantes áreas canavieiras nos estados de São Paulo e Minas Gerais receberam chuvas muito abaixo da média histórica. “Na região de Piracicaba, por exemplo, o índice de precipitação pluviométrico verificado entre abril e julho ficou 68,4% aquém do valor histórico, com prejuízo significativo para a oferta de matéria-prima”.
QUEBRA
No centro-sul, a situação é bastante heterogênea. “Em alguns estados, a safra está atrasada devido ao excesso de chuvas, com possibilidade das usinas não conseguirem colher toda a cana disponível. Por outro lado, regiões canavieiras tradicionais têm sido severamente impactadas pela seca, o que deve levar a uma antecipação no término da safra e impedir a realização da colheita em áreas onde a planta não se desenvolveu o suficiente para o corte”, observa Sirimarco.
Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a quebra acumulada desde o início da atual safra até o final de julho alcançou 6,42%, com 78,7 toneladas de cana-de-açúcar por hectare colhido, frente a 84,1 toneladas por hectare verificadas até esta mesma data de 2013.
Por equipe SNA/RJ