A Embrapa desenvolveu uma metodologia inédita que permite checar a expansão das áreas com sistemas integrados de produção agropecuária no Brasil por monitoramento por satélite, de forma remota e automática.
Com o mapeamento e as informações obtidas nesse trabalho, é possível apurar indicadores quantitativos sobre a adoção dessas técnicas. Isso ajudaria a suprir a falta de dados que comprovem o uso de práticas mais sustentáveis no campo, uma lacuna que afeta a imagem do país no exterior.
O sistema já é capaz de distinguir as áreas em que só ocorreu plantio de soja daquelas onde a oleaginosa foi sucedida por milho safrinha ou algodão, por exemplo, mostrando, assim, quando houve duas safras na mesma área. A metodologia também identifica os casos em que a integração lavoura-pecuária (ILP) ocorre em sucessão direta (soja e pastagem) ou indireta (soja, cereal e pastagem).
Os pesquisadores da estatal trabalham para aprimorar a técnica de verificação do componente floresta (ILF, IPF e ILPF) nos sistemas de produção integrada e da prática do plantio direto. O objetivo é unir todas as informações em uma plataforma única, digital, interativa e gratuita, com apresentação dos mapas, dados, estatísticas e indicadores no conceito de painéis visuais (“dashboards”).
Testes
Testada em Mato Grosso entre 2012 e 2019, a metodologia já recebeu dois prêmios científicos. Na fase de testes, foi possível verificar o crescimento das áreas de ILP em municípios mato-grossenses entre os anos-safra de 2012/2013 e 2018/2019.
Segundo a Embrapa, a área de ILP mais que dobrou nesse período, passando de 1.1 milhão para 2.6 milhões de hectares. Os mapas estarão disponíveis em breve na plataforma GeoInfo.
Indicadores
O uso da inteligência artificial com a metodologia adequada de monitoramento pode fornecer indicadores que ajudarão a melhorar a gestão de políticas públicas setoriais e a tornar mais precisos os cálculos da mitigação de gases de efeito estufa na agropecuária.
“O País necessita urgentemente de indicadores e métricas para quantificar e demonstrar o quanto a sua agropecuária vem evoluindo rumo à desejada intensificação sustentável”, disse Margareth Simões, pesquisadora da Embrapa Solos (RJ) que liderou o estudo.
O sistema desenvolvido pela estatal gera informações agregadas por diferentes unidades territoriais. Com isso, é possível computar estatísticas classificadas tanto por estados, microrregiões, municípios e polos de desenvolvimento agrícola quanto por biomas e bacias hidrográficas.
O grupo de pesquisadores ainda deve propor a criação de diversos índices espaciais. Eles deverão apresentar, por exemplo, as taxas de expansão e de adoção dos sistemas integrados de produção ou o processo de intensificação sustentável, como Índice de Expansão Absoluta, Índice de Expansão Relativa, Índice de Adoção e Índice de Intensificação Sustentável.
Fonte: Valor
Equipe SNA