Soja tem negócios isolados e preços mistos / Chicago recua
O mercado brasileiro de soja teve uma semana de poucos negócios, refletindo a queda dos contratos futuros em Chicago e a instabilidade do dólar. Os preços oscilaram regionalmente, dependendo da demanda localizada e da elevação dos prêmios.
Em geral, o produtor se retraiu diante das novas baixas em Chicago, ainda reflexo do relatório baixista de agosto do USDA e da previsão de clima favorável ao desenvolvimento das lavouras americanas.
Na quinta-feira (17/8), o dia foi um pouco mais agitado, refletindo a recuperação pontual de Chicago em meio a sinais de recuperação da demanda pela soja americana. Em algumas regiões, diante da necessidade da indústria e da falta de oferta, os preços subiram. Mas o cenário fundamental ainda é de pressão para as cotações.
Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos caiu de R$ 65,50 para R$ 66,00 entre os dias 11 e 17 de agosto. No mesmo período, a saca baixou de R$ 64,00 para R$ 63,00 em Cascavel (PR). No Porto de Paranaguá, o preço baixou de R$ 71,00 para R$ 70,00.
Já em Rondonópolis (MT), o preço subiu de R$ 57,50 para R$ 59,00. Em Dourados (MS), a cotação também reagiu, passando de R$ 57,00 para R$ 58,30. Em Goiás, na região de Rio Verde, o preço seguiu estabilizado na casa de R$ 59,00.
Apesar de esboçar uma reação no final da semana, o balanço foi negativo no mercado futuro de Chicago. Os contratos com vencimento em novembro acumulavam queda de 1,27% até a quinta-feira (17/8), para US$ 9,33 o bushel. As previsões são de safra cheia nos Estados Unidos e manutenção de estoques elevados, o que mantém o mercado sob pressão.
No balanço da semana, o dólar pouco favoreceu os negócios no mercado interno. O dólar comercial encerrou a quinta-feira cotado a R$ 3,1785 para venda, em leve alta em relação a cotação de fechamento do dia 11, de R$ 3,1741 para venda.
Milho manteve preços firmes no Brasil com problemas na logística
O mercado brasileiro de milho teve uma semana de preços firmes e de cenário confuso com a logística. Os fretes seguem em alta com a escassez de caminhões, o que eleva as cotações do milho para o comprador. Os armazéns estão ficando cada vez mais lotados com o milho safrinha, mas a oferta está controlada pelos vendedores.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari, a oferta é limitada, com pouca fixação pelo produtor. Molinari disse que o mercado interno está se descolando das indicações e referências de preço dos portos, o que passa a ser um problema futuro para as exportações.
No porto de Paranaguá, a saca está cotada a R$ 28,00. Em Santos, a R$ 28,50. No Paraná, a cotação é de R$ 22,00/23,00 a saca em Cascavel. Em São Paulo, o preço esteve em R$ 24,00/24,50 a saca na Mogiana. Em Campinas CIF, preço de R$ 29,00 a saca.
No Rio Grande do Sul, a saca foi cotada a R$ 28,00 em Erechim. Em Minas Gerais, o preço ficou em R$ 24,00 em Uberlândia. Em Goiás, o valor foi de R$ 20,00 em Rio Verde. Em Mato Grosso, o preço ficou em torno de R$ 13,00/17,00 a saca em Rondonópolis.
Leilões
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negociou 240 mil toneladas de milho em grãos a granel no leilão de Aviso Pep nº 171/17 realizado na quinta-feira. A demanda foi de 100% do volume colocada à venda.
Para o Aviso Pepro nº 172/2017, foram negociadas 568.740 toneladas, representando 98,4% da oferta de 578 mil toneladas colocadas à venda. Das 818 mil toneladas ofertadas, somando os dois avisos, a Conab negociou 808.740 toneladas, representando 98,87% do volume ofertado.
Mercado segue observando clima sobre lavouras de trigo
O foco do mercado brasileiro de trigo segue voltado ao clima sobre as lavouras, tanto do Brasil, como dos Estados Unidos, que vêm apresentando problemas relacionados à seca em grandes regiões produtoras do país.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, os preços internos tendem a se manter estáveis, pelo menos até o início da colheita da próxima safra. “Nesse momento, as cotações devem voltar a responder aos estímulos do mercado, sejam eles baixista, devido ao ingresso de safra, ou até mesmo altista, em caso de quebras mais acentuadas da produção”, disse.
Rio Grande do Sul
Segundo a Emater/RS, a cultura do trigo no Rio Grande do Sul apresentou lenta recuperação do desenvolvimento durante a semana, principalmente pela baixa umidade do solo, embora o aspecto visual seja bem melhor do que o das semanas anteriores.
Permanece o quadro de baixa densidade de plantas e pouco perfilhamento, apresentando folhas pouco desenvolvidas até o momento e primeiras espigas com baixo número de espiguetas no período utilizado para a aplicação de nitrogênio em cobertura e fungicidas. No momento, as lavouras se dividem entre as fases de desenvolvimento vegetativo (91%), floração (8%) e início de formação de grão (1%).
Levantamento da Agência Safras apurou que as lavouras de trigo da região atuação da Cotrirosa, em Santa Rosa, no norte do Rio Grande do Sul, receberam boas chuvas na última semana. Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa, Taciano Reginatto, “choveu 100 mm e a previsão é de mais 40 mm no final de semana; as lavouras estão em boas condições e melhorando e as aplicações também estão andando bem”.
A expectativa é de uma boa safra, dentro da normalidade. A produtividade deve ficar em torno de 50 sacas por hectare. As lavouras se dividem entre as fases de elongamento (70%) e espigamento (30%). A colheita é prevista para começar em 15 de outubro. A área da cooperativa Cotrirosa foi confirmada em nove mil hectares.
Paraná
No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), a colheita de trigo para a safra 2017 atinge 1% da área estimada para o estado, de 955.835 hectares. Esta área deve recuar 13% em relação aos 1.099 milhão de hectares cultivados na safra 2015/16. Segundo o Deral, 48% das lavouras estão em boas condições. O estado tem ainda 34% em condições médias e 18% em condições ruins, divididas entre as fases de crescimento vegetativo (23%), floração (26%), frutificação (38%) e maturação (13%).
As lavouras de trigo na área de abrangência da cooperativa Coopavel, que atua em 17 municípios do oeste e sudoeste do Paraná, receberam chuvas benéficas nos últimos dias. Segundo fonte da cooperativa, que concedeu entrevista exclusiva à Agência Safras, as precipitações somaram de 60 a 80 milímetros. “Hoje está chovendo de novo e a semana deve permanecer fechada”, disse.
A produtividade média está projetada em 2.300 quilos por hectare, em virtude das geadas e da falta de chuvas. Inicialmente, eram esperados 3.300 quilos por hectare. “Com as chuvas, porém, o rendimento pode recuperar um pouco”, acredita o entrevistado. Segundo relatório do dia 14 de agosto, 0,5% lavouras já forma colhidas, 10% estão em fase de maturação, 54% estavam em enchimento de grão e o restante em floração.
Em Campo Mourão, no noroeste do Paraná, a colheita de trigo já atinge 1% da área, de 15.200 hectares. As lavouras foram prejudicadas pela estiagem que atingiu a região nas últimas semanas. Segundo o engenheiro agrônomo da Coamo, Lucas Gouvea, a falta de chuvas provocou uma redução na expectativa de produtividade das lavouras, de 3 para 2,8 toneladas por hectare. “Temos de esperar um pouco mais para ver o comportamento da cultura, mas, basicamente, o crescimento foi afetado. As plantas apresentam um porte mais baixo”, afirmou.
Além do 1% já ceifado, as lavouras se dividem entre as fases de pré-colheita (15%), maturação (19%), frutificação (35%) e florescimento (30%). Nesta semana, a região recebeu boas chuvas para o trigo. A meteorologia indica que o clima deve voltar a ficar mais seco a partir do final de agosto, com baixa umidade também em setembro. A colheita em Campo Mourão deve ser encerrada entre o final de setembro e a metade de outubro. Com a nova estiagem, a produtividade pode voltar a ser afetada.
Fonte: Agência Safras