Impasse entre frigoríficos e pecuaristas trava mercado de boi gordo
A semana foi marcada por impasse entre pecuaristas e frigoríficos no mercado físico de boi gordo. Os pecuaristas ainda relutam em negociar o boi gordo nos preços ofertados, enquanto que os frigoríficos alegam não haver condições para novos reajustes dos preços de balcão sem a mesma contrapartida em relação aos preços da carne bovina.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os pecuaristas ainda relutam em negociar o boi gordo nos preços ofertados. Enquanto que os frigoríficos alegam não haver condições para novos reajustes dos preços de balcão sem a mesma contrapartida em relação ao preço da carne bovina.
Essa conjuntura resulta em negócios pouco expressivos no mercado físico. “Os preços do gado de reposição ainda são os principal limitadores de quedas mais agressivas no mercado físico”, aponta Iglesias.
A média de preços da arroba do boi gordo nas principais praças de comercialização do País ficou assim nesta semana:
São Paulo – R$ 155,04 a arroba
Goiás – R$ 141,00 a arroba
Minas Gerais – R$ 148,33 a arroba
Mato Grosso do Sul – R$ 139,97 a arroba
Mato Grosso – R$ 134,62 a arroba
Exportações
As exportações de carne bovina do Brasil renderam US$ 166.8 milhões em março, até a segunda semana, com média diária de US$ 18.5 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A quantidade total exportada pelo País chegou a 46.000 toneladas, com média diária de 5.100 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 3.624,10.
Na comparação com a média diária de fevereiro, houve uma queda de 9,6% no valor médio exportado, uma retração de 2,3% na quantidade e uma baixa de 7,5% no preço médio. Na comparação com março de 2015, houve alta de 20,1% no valor total exportado, ganho de 37,1% na quantidade total e desvalorização de 12,4% no preço médio.
Preços do frango registram boa alta no Brasil
O mercado brasileiro de frangos apresentou preços firmes no decorrer desta semana. “Ainda é necessário algum reajuste dos preços ao longo da cadeia, visando mitigar o elevado custo de produção, produto da restrição de oferta de milho no mercado disponível durante o primeiro trimestre do ano”, afirma o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
Esse quadro deve se alterar apenas com a entrada da safrinha no mercado interno. Até lá, frisa o analista, o setor tem de trabalhar seus preços de venda de acordo com a nova realidade dos custos de produção. O mercado interno permanece bastante dependente das exportações, ressaltando que quanto maior o volume de embarques, menor a disponibilidade interna.
O diretor de Avicultura e Suinocultura da Merial, Luiz Cantarelli, destacou hoje, em Campinas (SP), durante encontro com a imprensa, que as perspectivas da empresa para esses segmentos seguem muito positivas. “O Brasil chegou ao posto de segundo maior produtor mundial de carne de frango em 2015, com 13.5 milhões de toneladas e de maior exportador, com 4.2 milhões de toneladas. Para 2020, a previsão é de que ele responda por 45% de toda a exportação mundial de carne de frango, com 5.57 milhões de toneladas”, comenta.
Para este ano, mesmo com os custos de produção mais elevados, puxados pelo forte aumento nos preços do milho, tanto a avicultura quanto a suinocultura estão se sobressaindo, por conta do atendimento às questões sanitárias, o que tem proporcionado uma ampliação da participação no cenário internacional. “O Brasil exporta carne de frango para 150 países e a carne suína para 70 mercados, sendo o quarto maior produtor e exportador mundial”, informa.
Para o decorrer do ano, Cantarelli acredita que as cotações de milho possam recuar um pouco, especialmente a partir da colheita da segunda safra, o que trará também uma maior regularidade na oferta do cereal. “Neste ano vivemos uma situação bem atípica, com a forte alta do milho, que passou de R$ 28,00 no final de dezembro para quase R$ 40,00 a saca em janeiro, mas a tendência é de que haja uma acomodação dos preços mais à frente, visto que o país deverá colher uma safrinha cheia”, pontua.
Preços do quilo do suíno vivo apresentam leve alta
Ao longo da última semana, os preços do quilo vivo do suíno apresentaram ligeira alta em algumas das praças acompanhadas da região Centro-Sul do País. A maior alta registrada no período foi registrada no Oeste paranaense, onde o quilo vivo passou de R$ 3,00 para R$ 3,17. A avaliação é de Safras & Mercado.
No atacado, registro de cotações mais altas para a carcaça tipo comum em praticamente todas as praças acompanhadas, com exceção de Minas Gerais onde o quilo recuou R$ 0,15.
A perspectiva é por preços acomodados no decorrer dos próximos dias, considerando que o apelo ao consumo tende a perder força durante a segunda quinzena do mês.
O cenário segue ainda preocupante ao setor, levando em conta o aumento do custo de produção, produto do encarecimento do milho no mercado interno. A oferta do milho no país segue restrita, o que tem levado a alta das cotações. O alto custo sugere por reajustes em toda a cadeia produtiva, porém a recessão pode não permitir o repasse total para o consumidor final.
Um ponto positivo ao setor nesse ano é a exportação que segue apresentado ótimo resultado. Vale salientar que quanto maior o volume de embarques, menor a disponibilidade interna, o que tende a gerar espaço para reajustes. Segundo dados da Secretária do Comércio Exterior (SECEX) as exportações brasileiras de carne suína brasileira (somando in natura e industrializados) totalizaram 96.300 toneladas no primeiro bimestre do ano, sinalizando um aumento de 78,7% se comparado a igual período do ano passado.
Apesar da valorização cambial visto nas últimas semanas, a paridade cambial segue favorecendo as exportações brasileiras. A expectativa é que o ritmo de embarques continue apresentando bons resultados nas próximas semanas, uma vez que a carne suína brasileira segue altamente competitiva no mercado externo.
Fonte: Agência Safras