Safras de soja e milho não serão nada desastrosas

Houve um atraso no plantio causado pelo excesso de calor e falta de chuvas nos meses iniciais desta temporada, com replantio em alguns casos, em função do fenômeno climático El Niño – Imagem de Oleksandr Ryzhkov no Freepik

A retomada do volume de chuvas para um patamar mais próximo da normalidade de dezembro em diante deve ajudar a recuperar os níveis de produtividade da soja da safra 2023/24 e, como consequência, evitar perdas maiores no milho segunda safra também. A estimativa é do sócio da consultoria MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros.

“Tanto a safra de soja quanto a safrinha devem ser menores, mas nada desastrosas, apesar do pior começo de safra em 30 anos que acompanho o setor”, disse o especialista durante o Minerva Day nesta terça-feira (28/11).

Barros indicou que houve um atraso no plantio causado pelo excesso de calor e falta de chuvas nos meses iniciais desta temporada, com replantio em alguns casos, em função do fenômeno climático El Niño. Porém, ele acredita que os padrões de chuva que se desenham estão caminhando para a média na América Latina como um todo.

“No Brasil, passamos o pior momento. Por isso não trabalho com grandes preços do insumo para o ano que vem, com uma safra relativamente boa (de grãos)”, estimou. O milho é o principal insumos utilizado na ração da pecuária.

O especialista também estima que a condição climática deve permitir a formação de pastagens. Então, em resumo, “acho que é um quadro relativamente bom” para 2024, disse.

Colheita 

Segundo estimativas da MB Agro, a produção nacional de soja deve ficar entre 148 milhões e 155 milhões de toneladas na safra 2023/24. Segundo Alexandre Barros, se a estimativa for confirmada, será uma colheita cerca de 10 milhões de toneladas menor.

“O começo da safra foi um desastre, eu achava que seriam 138 milhões de toneladas de soja. A gente estaria partindo de 165 milhões de toneladas, uma queda considerável”, disse o especialista.

Porém, ele acredita que os modelos climáticos indicam retorno das chuvas e recuperação da produtividade, desde que passe um período de maior incerteza em dezembro, com potencial para produção de até 155 milhões. “Não é um absurdo, significa que dá para manter o balanço (de oferta e demanda) e a gente teria que exportar 96 milhões de toneladas”, indicou.

O risco maior estaria na segunda safra de milho, que já tinha potencial queda de área plantada prevista para 2024 e agora deverá enfrentar os efeitos do atraso no plantio da soja de verão.

“A produção deve ficar 15 milhões de toneladas abaixo, que daria uma safrinha de 90 milhões. Teríamos que exportar 40 milhões de toneladas e não 55 milhões”, estimou Barros.

No entanto, ele destacou que a produção da Argentina pode ter alguma recuperação, compensando parte do que o Brasil perderia.

Fonte: Globo Rural 
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