Safra recorde se tornou um problema para a soja, alerta especialista

A grande safra brasileira de soja será um problema, porque está apenas 30% comercializada e não haverá armazenagem suficiente, alertou o analista sênior da consultoria TF Agroeconômica, Luiz Pacheco.

“O produtor terá de vender e isto fará pressão sobre os preços em 2023. Então, nossa recomendação é: quanto antes vender, melhor. Aliás, já tínhamos recomendado isto há um mês e, desde então o preço caiu 4,40% no Brasil, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)”, explicou o especialista.

“Por estado, os preços recuaram 3,17% no Rio Grande do Sul; em Santa Catarina, 0,55%; no Paraná, 2,20%; no Mato Grosso do Sul, 4,65%; no Mato Grosso, 9,41%; no Maranhão, 7,64%, e na Bahia 4,24%, segundo acompanhamento diário feito pela consultoria”.

Pacheco relembra que a safra mundial de soja era para ser de 391.17 milhões de toneladas, conforme o relatório de dezembro do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), mas, no relatório de janeiro, o próprio USDA já  reduziu essa safra para 388,01 milhões de toneladas.

Mesmo assim, os estoques mundiais ficaram em 103,52 MT, contra 98,22 MT da safra anterior e 100,03 MT da safra 2020/21. A seguir, confira o que está influenciando o preço da soja.

Fatores de alta

a) As perdas dos EUA: a safra americana estava prevista, inicialmente, para ser de 118.27 milhões de toneladas, mas, o relatório de janeiro apontou uma perda de 1,89 MT, fixando-a em 116,38 MT. Isto fez a sua exportação cair 1,5 M, de 55,66 MT para 54,16 MT.

b) As perdas da Argentina: 20% da soja nobre já é considerada ruim.

c) As perdas do Brasil: em seu último relatório, o USDA colocou a produção brasileira de soja em 153 MT, citando que as perdas no Sul do país estariam compensadas com a melhora da produtividade nos estados do Centro-Oeste, com a intensificação das chuvas. Mesmo assim, ficou na parte de baixo das estimativas iniciais.

Fatores de baixa

a) A redução da demanda chinesa, apesar dos recentes incentivos do governo, as margens da suinicultura.

b) A recessão mundial: cerca de 70% das atividades econômicas ao redor do mundo tiveram retração de vendas depois do início da guerra na Ucrânia, diante do aumento da inflação, provocada pelo aumento dos combustíveis/petróleo.

Para combater a inflação, os bancos centrais de todo mundo elevaram drasticamente os juros e, com isso, muitos países agora estão dependendo de créditos do Banco Mundial ou da ONU para poderem fazer suas compras de alimentos.

Fonte: Agrolink
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