A safra de café do Brasil no ano que vem foi estimada em 60 milhões de sacas de 60 kg, o que representaria um crescimento de cerca de 15 por cento na comparação com a atual temporada, cuja colheita caminha para a reta final, estimou nesta quarta-feira a INTL FCStone.
A avaliação da consultoria e corretora de commodities aponta para volumes recordes do Brasil, maior produtor e exportador global de café, na próxima safra, que será de alta na bianualidade da variedade arábica do país. A temporada atual é de baixa no ciclo, que alterna colheitas maiores e menores a cada ano.
A estimativa também mostra que a próxima safra do Brasil será pouco afetada pelas geadas de julho no Paraná, quinto produtor nacional do grão.
“Acho que a quebra do Paraná, que o mercado estima em 60 por cento –meu numero é mais 40 por cento–, não deverá afetar muito a oferta da safra que vem”, declarou em entrevista exclusiva ao chat Trading Brazil da Thomson Reuters o chefe da Mesa de Café e Trigo na INTL FCStone no Brasil, Bruno Martin.
Essa situação de oferta abundante deve manter os preços sob pressão, segundo ele.
“Acho que não veremos alívio do lado da oferta por pelo menos dois anos –safra 15/16–, na minha opinião”, disse.
O Ministério da Agricultura ainda não divulgou previsão para a safra do ano que vem. A safra de 2013 é estimada pelo governo em 48,6 milhões de sacas.
Os futuros do café arábica em Nova York estão operando perto de uma mínima de quatro anos, por influência das grande safras brasileiras e também por um dólar valorizado frente o real, que tende a favorecer vendas de brasileiros.
“Muitos dos movimentos recentes do café foram reflexos da desvalorização do câmbio. Dito isso, os fundamentos do café são de maneira geral baixistas. Existe hoje no Brasil e no mundo um vasto estoque disponível e uma demanda ainda tímida.”
Ele disse ainda que recentes anúncios do governo brasileiro para sustentar os preços da commodity, como um programa de contratos de opções, podem ajudar a evitar quedas maiores nos preços.
“Acredito que segurar (o mercado) não, mas preservar de uma queda mais acentuada sim. O timing do anúncio (apesar de atrapalhado) foi oportuno”, disse ele.
TRIGO
Com relação à safra de trigo do Paraná, tradicionalmente o maior produtor do cereal do país, as geadas de julho causaram perdas mais expressivas para o país, disse Martin.
A produção brasileira em 2013 está estimada atualmente pela FCStone entre 5 milhões e 5,3 milhões de toneladas, contra 5,5 milhões antes das geadas.
“A última geada nos fez reavaliar nossos números… O que queria ressaltar é que o importante, na nossa visão, não (é tanto o dano na quantidade) e sim na qualidade”, afirmou ele, estimando que a disponibilidade no Paraná de trigo superior poderá ser reduzida em 800 mil toneladas.
Entretanto, ele avalia que parte da perda paranaense deverá ser compensada pelo crescimento da safra do Rio Grande do Sul, que costuma dividir com o Paraná a liderança no ranking nacional da produção de trigo.
Com uma produção menor do que a projetada inicialmente e crescendo pouco ante a safra passada, estimada oficialmente em 4,4 milhões de toneladas, as importações do Brasil continuarão elevadas.
“Muito provavelmente veremos a repetição dos números de importação de trigo no ano (safra) que vem: 7-7,5 milhões de toneladas.”
Fonte: Reuters