A safra brasileira de cana-de-açúcar 2022/23 (abril de 2022 a março de 2023) deve totalizar 598.3 milhões de toneladas, um aumento de 4,40% em comparação com levantamento anterior de agosto deste ano. Em relação à safra passada 2021/22 (578.8 milhões de toneladas), o aumento é de 3,40%.
Os dados fazem parte da terceira pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada nesta terça-feira (27/12). Segundo a estatal, “o aumento foi motivado por ajustes na área colhida e produtividade obtida, principalmente no Estado de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil”.
O levantamento mostra que a área colhida também foi ajustada em cerca de 2,20% em relação aos dados apurados anteriormente, totalizando 8.3 milhões de hectares. Em comparação com a da safra anterior 2021/22, de 8.34 milhões de hectares, houve uma queda de 0,50%.
“Esta safra foi marcada por índices pluviométricos e temperaturas abaixo do normal, registradas na região centro-sul, que representa cerca de 90,20% da produção total do País”, indicou a Conab. Ainda assim, a produtividade nacional está estimada em 72.026 kg/ha, 3,90% superior à obtida na temporada 2021/22, quando o clima foi ainda mais adverso para o setor.
O Sudeste, que produz o equivalente a 63,70% da safra nacional, terá um volume colhido 4% superior ao obtido na safra anterior. A área colhida caiu para cerca de 5.1 milhões de hectares por causa da concorrência da cana-de-açúcar com outras culturas, mas a produtividade subiu, alcançando 74.571 kg/ha.
Outras regiões
Seguindo este movimento, no Centro-Oeste também houve pequenos ajustes na área e na produtividade em relação ao levantamento anterior, com área estimada em 1.78 milhão de hectares, aumento de 3% na produtividade, colheita de 129.1 milhões de toneladas e alta de 1,50% em relação ao ciclo passado.
No Nordeste, em virtude de problemas climáticos na última safra, parte das lavouras foi abandonada ou dedicada a outros fins. Nesta temporada, muitas destas áreas retornaram à produção, observando-se um aumento de 3,20% na área a ser colhida. Além disso, se estima uma produtividade de 62.720 kg/ha, o que deve resultar em uma produção de 54.82 milhões de toneladas, 10,10% superior à da safra 2021/22.
Já a região Sul, nos últimos anos, tem perdido consistentemente área de cana-de-açúcar para outras culturas como soja, milho, mandioca e pastagens. A área colhida estimada na presente safra é de 496.000 hectares, 5,20% menor do que a da safra anterior. A produtividade estimada de 59.572 kg/ha é 1,50% abaixo da safra passada e a produção deve totalizar 29.55 milhões de toneladas.
Com relação ao Norte do País, apesar do aumento de área e de produtividade, a região é responsável por menos de 1% da produção nacional, com a colheita estimada de 3.95 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no ciclo 2022/23.
Açúcar
Segundo a Conab, o Brasil deverá produzir 36.37 milhões de toneladas de açúcar nesta safra 2022/23, um aumento de 4,10% em relação a da safra anterior 2021/22, que foi de 34.94 milhões de toneladas. Em comparação com a pesquisa anterior (33.89 milhões de toneladas), de agosto, houve aumento de 7,30.
O motivo do aumento “seria a virada na destinação da cana-de-açúcar, sobretudo por razões mercadológicas e tributárias ao longo de 2022, que tornou a produção do adoçante mais rentável em várias das regiões produtoras”, indicou a estatal.
Etanol
Com relação ao etanol total (proveniente do milho e da cana-de-açúcar), está estimado um aumento de 4,20% para o biocombustível em relação à safra passada (29.875 bilhões de litros). Houve forte aumento no etanol à base de milho, de 30,70% em relação ao ciclo passado. A produção total do País está estimada em 31.14 bilhões de litros, dos quais 12.55 bilhões de anidro e 18.59 bilhões de hidratado.
Mercado
Segundo a Conab, os preços do açúcar e do etanol vêm registrando altas desde setembro, ganhando maior intensidade no mês de novembro. Este movimento tem um componente sazonal, originado do período de entressafra no Brasil. Assim, com a expectativa de redução da oferta de cana-de-açúcar, a tendência é de aumento dos preços, em virtude do período de entressafra.
No caso do açúcar, a redução da oferta de cana em novembro, em virtude do encerramento da moagem na maioria das indústrias, contribuiu para que os preços deste produto no mercado doméstico se valorizassem em 6% na comparação com o mês de outubro.
No mercado internacional, o comportamento também foi de alta. A demanda internacional pelo açúcar permaneceu aquecida, com a quantidade abaixo do esperado de açúcar disponível para exportação pela Índia, que contribuiu para o aumento nas exportações brasileiras, que já totalizam 22.1 milhões de toneladas de açúcar comercializadas, volume 13,40% maior que o registrado no mesmo período da safra anterior.
Para o etanol, segundo a análise da Conab, a entressafra de cana-de-açúcar também acarretou na elevação nos preços internos, que registraram altas expressivas, principalmente na primeira quinzena de novembro. Além disso, as incertezas quanto ao regime fiscal de tributação do biocombustível também tiveram influência significativa nos preços.
O aumento na produção de etanol total e o enfraquecimento da demanda do biocombustível no mercado interno favoreceram a ampliação das exportações do produto. No acumulado de abril a novembro deste ano, foram exportados 1.82 bilhão de litros de etanol, o que representa um aumento de 47,10% na comparação com o mesmo período da temporada anterior.