Uma nova pesquisa da Universidade Estadual de Iowa revelou que a Rússia financia artigos publicados na internet que questionam a segurança dos transgênicos.
Conduzido pelo pesquisador Shawn Dorius, professor-assistente de sociologia, e Carolyn Lawrence-Dill, professora do Departamento de Agronomia e Genética da Universidade, o estudo foi pensado para investigar a percepção pública sobre alimentos geneticamente modificados e analisar comentários em grandes veículos de comunicação.
A pesquisa começou com uma análise dos comentários de cinco sites de grandes meios de comunicação: Fox News, CNN, Huffington Post, Breitbart News e MSNBC. Os questionamentos aos organismos seguem, mas pesquisas de opinião dizem que nos Estados Unidos 46% dos adultos não se importam sobre se um alimento é ou não transgênico e menos de 20% se sentem bem informados sobre o assunto.
Enquanto a pesquisa avançava, a imprensa noticiava a atuação dos chamados “trolls” russos nas redes sociais para influenciar as eleições dos Estados Unidos. Então, Dorius e Carolyn decidiram incluir dois sites em inglês financiados pela Rússia na pesquisa: Russia Today e Sputnik. Os pesquisadores descobriram que a palavra OGM era citada cinco vezes mais nos sites russos que nos cinco sites americanos juntos.
Dos artigos relacionados aos transgênicos encontrados nos sete sites, 34% estavam no site RT e 19% estavam no Sputnik. Os dois sites de notícias são estatais e defendem os interesses do governo russo.
Entre os sites americanos estudados, o Huffington Post produziu os artigos mais contrários aos transgênicos, seguida pela CNN, enquanto que a Fox News produziu um conteúdo mais justo e equilibrado sobre o assunto, segundo os pesquisadores. O Breitbart News apresentou pouquíssimo conteúdo sobre o tema, mas somente com posições favoráveis aos transgênicos.
O RT e o Sputnik fizeram também um amplo uso de “caça-clique”, conteúdo feito para que os leitores cliquem em um link para outra página. Por exemplo, um artigo sobre o Zika vírus mostrava um link a outro artigo sobre mosquitos transgênicos que poderiam causar um surto de Zika.
Praticamente todos esses artigos com o termo OGMs como “caça-clique” foram publicados no RT e só foram encontrados artigos que descreviam os transgênicos como algo negativo nos dois sites russos.“Sempre havia essa coisa estranha que você veria o termo OGM inserido de propósito como link em artigos que não tinha absolutamente nada a ver com o tópico”, disse Carolyn.
“O artigo poderia ser sobre as coisas mais horríveis como pornografia infantil, ou mesmo polêmica, como aborto, e sempre havia um link sobre OGM. Então, na mente do leitor predomina a visão de que se há algo colocado sempre em um ambiente negativo, por extensão os OGMs deverão ser algo negativo também”.
A pesquisa não descobriu os motivos do financiamento dos russos, mas há duas teorias. Uma seria a intenção de prejudicar os interesses dos Estados Unidos e promover a Rússia no mercado internacional de alimentos, uma vez que o governo russo já tem o objetivo de ser líder mundial em exportação de orgânicos. Um segundo motivo seria uma estratégia de divisão da sociedade americana.
Os Estados Unidos são os maiores produtores do mundo de cultivos transgênicos, mas os produtos são proibidos em quase uma dúzia de países, incluindo a Rússia. Na China, onde os Estados Unidos é um dos maiores fornecedores de soja, o produtor local é proibido de cultivar soja transgênica, mas pode usar a soja geneticamente modificada importada para alimentação animal.
Fonte: Agrolink