Durante reunião comemorativa dos 116 anos de fundação da SNA, em janeiro, o ex-ministro Roberto Rodrigues foi eleito, por unanimidade, o novo presidente da Academia Nacional de Agricultura. Em seu pronunciamento, Rodrigues propôs a criação de um Grupo de Produtores (GP) – que seria composto por 10 a 15 nações produtoras, entre elas EUA, Brasil, Argentina, Canadá, Rússia, Índia e Moçambique. O objetivo é estabelecer um programa amplo visando à garantia da segurança alimentar para as próximas décadas, em virtude do aumento populacional.
“Até agora, nada está sendo feito nesse sentido. Falta liderança”, alertou Rodrigues, acrescentando que o Brasil, por sua posição geográfica e capacidade produtiva, poderia comandar o novo grupo.
O ex-ministro explicou que “o Grupo dos Produtores deverá administrar fatores como produção, estocagem e logística, com governança global, sob a gestão executiva da FAO. Além disso, para participar do grupo, será necessário que os países tenham em comum disponibilidade de terras, tecnologia para alavancar a produção e pessoal capacitado”, destacou. No caso da estocagem, Rodrigues frisou que no GP “os países não poderiam fazer uso dos estoques públicos para intervir no mercado local numa situação de aumento de preços, por exemplo”.
Por ser uma iniciativa no âmbito da política internacional, Rodrigues disse que seria indispensável a atuação do Ministério de Relações Exteriores no processo de constituição do GP. O assunto será debatido pela Academia Nacional de Agricultura nos próximos meses.
Eleição e posse
Seis novos academicos foram eleitos durante o encontro comemorativo do aniversário da SNA para preenchimento das vagas existentes na Academia: a senadora Kátia Abreu; a economista e pesquisadora Elizabeth Farina; o diretor da SNA José Milton Dallari, o produtor e vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas, Sérgio Quintela, o presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp, João Sampaio, e o ex-ministro Luiz Carlos Guedes Pinto.
A Academia Nacional de Agricultura também deu posse ao engenheiro, professor e produtor rural Lindolpho Carvalho Dias, que traçou um breve histórico de seu aprendizado e atuação no meio agrícola, enfatizando a evolução e a força do setor. “A agricultura foi uma das áreas que mais se desenvolveu no país. Isso foi possível, em boa parte, graças ao ensino agrícola e à capacidade do Brasil em superar dificuldades, até de origem geográfica, como no caso de terrenos impróprios, para produzir”, afirmou Lindolpho, lembrando que uma das grandes descobertas do setor foi a capacidade de uso do Cerrado. “Nos anos 50, essas áreas tinham uma destinação incipiente; eram utilizadas para a criação extensiva de gado, e hoje é uma grande região produtora de grãos.”
Os 116 anos da SNA
Ao celebrar os 116 anos da SNA, o presidente da instituição, Antonio Alvarenga, fez um balanço das atividades que vem sendo desenvolvidas, ressaltando o ensino, a defesa do interesse dos produtores, e a difusão de tecnologia e de informações voltadas para a promoção do agronegócio.
Alvarenga destacou a evolução das revistas A Lavoura e Animal Business Brasil, e as atividades da SNA na Internet, que abragem um número cada vez maior de leitores. “Nossas revistas estão com tiragem de 12 mil exemplares por edição, e os acessos em nosso site e páginas mantidas nas redes sóciais já são muito significativos e crescentes. No total, temos mais de 10 mil seguidores”.
O presidente mencionou ainda a recente criação da TV SNA – um espaço na mídia virtual que reúne depoimentos de personalidades do agronegócio brasileiro. “Precisamos sempre melhorar a difusão de informações econômicas, de tecnologia e demais questões de interesse do agronegócio”, observou.
Alvarenga também destacou a realização dos Congressos de Agribusiness, que em sua 13a edição, realizada em dezembro, contou com a participação de mais de 30 palestrantes do mais elevado nível. Foi o caso, por exemplo, da ministra Izabela Teixeira, dos presidentes da Embrapa, Sebrae Nacional, OCB, Abag, SRB, Cosag/Fiesp, dos secretários de Agricultura de São Paulo e Rio de Janeiro, bem como dos ex-ministros Pratini de Morais e Luiz Carlos Guedes, dentre muitos outros.