Safra de soja deve bater recorde mesmo com clima instável, prevê Agroconsult

Mesmo com dificuldades climáticas em algumas regiões produtoras de soja, o Brasil deve ter uma safra recorde, em função do crescimento da área plantada em relação ao ano anterior, aponta Agroconsult. Foto: Divulgação
Mesmo com dificuldades climáticas em algumas regiões produtoras de soja, o Brasil deve ter uma safra recorde, em função do crescimento da área plantada em relação ao ano anterior, aponta Agroconsult. Foto: Divulgação

Apesar das dificuldades climáticas em algumas regiões produtoras de soja, o Brasil deve ter uma safra recorde, em função do crescimento da área plantada em relação ao ano anterior. A previsão foi feita por André Pessôa, diretor da Agroconsult e coordenador geral do Rally da Safra 2016, durante coletiva de imprensa realizada no último dia 19 de janeiro, em São Paulo.

Segundo levantamento da consultoria, a perspectiva inicial para a próxima safra de soja é de 99,2 milhões, crescimento de 2% em relação aos 97,2 milhões da temporada passada, caso sejam confirmadas as expectativas. Em relação à área plantada, o aumento esperado é de 3%, na mesma comparação, de 32,1 milhões de hectares para 32,9 milhões.

A partir do dia 25 de janeiro, a expedição Rally da Safra vai a campo avaliar os impactos causados pela instabilidade climática sobre a produção de grãos brasileira. As previsões iniciais foram baseadas no retorno da chuva na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Mato Grosso e Minas Gerais, que enfrentaram um longo período de estiagem em novembro e dezembro do ano passado, e que resultou em perdas.

“Como tivemos muita área plantada com atraso, devido aos efeitos climáticos, será preciso esperar um pouco mais para ter o panorama final da safra”, disse Pessôa.

 

“Como tivemos muita área plantada com atraso, devido aos efeitos climáticos, será preciso esperar um pouco mais para ter o panorama final da safra”, diz André Pessôa, diretor da Agroconsult e coordenador geral do Rally da Safra 2016. Foto: André Casagrande
“Como tivemos muita área plantada com atraso, devido aos efeitos climáticos, será preciso esperar um pouco mais para ter o panorama final da safra”, diz André Pessôa, diretor da Agroconsult e coordenador do Rally da Safra. Foto: André Casagrande

Outro ponto destacado é que a janela maior no plantio do grão, que começou a ser cultivado no final de setembro e vai terminar em meados de janeiro, permitirá um período de soja no campo muito maior. Além disto, o consultor afirma que o desenvolvimento das lavouras, comparadas ao mesmo período do ano passado, é positivo, principalmente pelo fato de a intensidade da ferrugem ser menor do que nas safras anteriores.

Ele, no entanto, faz uma ressalva: “Isto não é garantia de que não possamos ter problemas, pois ainda há um tempo de exposição daqui para a frente, mas, até esse momento, podemos dizer que foi tranquilo e esteve o tempo todo sob controle”.

Ainda sobre a ferrugem, Pessôa destacou um fator importante para a manutenção das condições de manejos da ferrugem. “Este controle está diretamente ligado a uma intensa substituição de produtos. A qualidade da tecnologia aplicada esse ano no manejo de fungos foi superior à que foi usada nos anos anteriores e é provável que esteja contribuindo para esse resultado”, analisa.

Ele se baseia em números que mostram uma redução no número de aplicações contra pragas e doenças, de 1 a 1,5 aplicação, se comparada com o mesmo período de 2015.

 

MILHO SAFRA E SAFRINHA

O cenário para a comercialização do milho no Brasil dependerá, em grande parte, do desempenho da safrinha 2016. As condições de plantio podem ser menos favoráveis neste ano em que o El Niño perde força e o La Niña é esperado, o que causa incerteza sobre o desempenho acima de média obtidos nos últimos anos.

A estimativa para a colheita da safra 2015/2016 é de 27,91 milhões de toneladas, de acordo com a consultoria, 7% inferior à do ano passado. Isto se deve a uma retração na área de safra verão (primeira safra), que totalizou 5,66 milhões de hectares, 8% menor se comparada à temporada anterior.

Já a segunda safra ou safrinha deve ocupar cerca de 10,5 milhões de hectares e alcançar 57,7 milhões de toneladas, um incremento de 9% e 6%, respectivamente, na mesma análise.

 

A segunda safra ou safrinha deve ocupar cerca de 10,5 milhões de hectares e alcançar 57,7 milhões de toneladas, um incremento de 9% e 6%, respectivamente, segundo previsão da Agroconsult. Foto: Divulgação
A segunda safra ou safrinha deve ocupar cerca de 10,5 milhões de hectares e alcançar 57,7 milhões de toneladas, um incremento de 9% e 6%, respectivamente, segundo previsão da Agroconsult. Foto: Divulgação

Pessôa explica os fundamentos para esses números. “Com o atraso da semeadura da soja precoce, o plantio de milho safrinha deve se estender até 20 de março, portanto, teremos uma janela mais estendida e os preços remuneradores do cereal deverão ser um incentivo ao produtor, apesar do risco climáticos”, enfatiza.

 

MERCADO INTERNO

Apesar do aumento da oferta de milho, as estimativas apontam que o volume disponível para o mercado interno tende a ser menor, por causa da exportação recorde em 2015, que enxugou o estoque de passagem.

“Não descartamos a importação do milho dos Estados Unidos no segundo semestre”, prevê e acrescenta: “Mesmo que o Brasil colha 85,6 milhões de toneladas previstas, o estoque será curto.”

Diante desta estimativa, as integrações de aves e suínos, cervejarias e confinadores de bovinos estão atentos à possibilidade de menor oferta e realizar suas compras antecipadamente. “O risco de chegar ao segundo semestre do ano que vem com dificuldade de abastecimento já é considerado”, ressaltou Pessôa.

 

Por equipe SNA/SP

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