Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista, criada por volta de 2007, visa à produção de plásticos a partir do ácido lático extraído de resíduos do leite e do açúcar. Rio Claro, área onde está situada a universidade, é um pólo na área de implantes. Daí o interesse das indústrias na utilização de implantes a partir do polímero do ácido lático, o que já vem sendo empregado nos Estados Unidos e Europa, e a iniciativa dos pesquisadores da universidade. A nova empreitada pode ser mais uma oportunidade para os produtores rurais que poderiam fornecer, além dos insumos, derivados da produção de ácido lático.
Segundo Jonas Contiero, supervisor do Laboratório de Microbiologia Industrial e diretor do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro, o objetivo da pesquisa é desenvolver uma tecnologia de obtenção do ácido lático, tanto dos isômeros D como L, para serem empregados na chamada polimerização do ácido lático. Ele explica que essa polimerização, conforme o tipo de isômeros, dá características diferentes ao bioplástico formado.
— Além do caráter de fonte renovável, esse plástico é biodegradável. Portanto, a possibilidade de ter uma boa compatibilidade com o meio ambiente é inquestionável. O plástico de petróleo dificilmente será degradado. Já o bioplástico, é rapidamente degradado na natureza — afirma o supervisor.
De acordo com ele, ainda é preciso analisar para onde será dirigida a produção de bioplástico, mas conta que sua produção a partir do polilactato tem grande utilização em implantes na área de medicina, o que faz com que tenha alto valor agregado.
— Já em relação à utilização do bioplástico para a produção de sacolas, ainda é preciso melhorar a tecnologia para baixar o custo, aumentando a qualidade e a quantidade. Já existem algumas produções de sacolas, mas ainda é preciso barateá-las — explica.
Contiero diz que o produtor rural tem participação nessa empreitada oferecendo a cana-de-açúcar para a usina. Ele afirma que da cana, pode-se extrair tanto o açúcar quanto o melaço. Da mesma forma, a pesquisa busca utilizar o soro do queijo.
— Com esse soro, estaríamos agregando valor ao resíduo que seria colocado no meio ambiente. Sem dúvida, é mais uma oportunidade para os produtores rurais. O que pretendemos é que uma produção de ácido lático, por exemplo, possa ser acoplada a uma usina de produção de álcool ou açúcar. Assim, não teríamos como insumo somente a produção de álcool ou de açúcar, mas também contaríamos com uma derivação para a produção de ácido lático, o que iria culminar na produção do polilactato — explica o supervisor
Fonte: DiadeCampo