Alvo de muitas críticas, o uso incorreto ou acima do permitido de agrotóxicos em frutas, verduras e legumes (conhecidos como “FLV”) tem diminuído. Uma análise conduzida pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostrou que no primeiro semestre deste ano 77% dos produtos avaliados estavam em conformidade com a legislação. O percentual ficou 5% acima do registrado em 2016.
Os outros 23% apresentaram inconformidades relacionadas ao limite máximo de resíduos, substâncias não autorizadas e proibidas. Os dados fazem parte do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), programa de adesão voluntária criado pela Abras em 2011.
Segundo Giampaolo Buso, diretor comercial da PariPassu, empresa que faz a gestão técnica do programa, os três produtos que apresentaram maiores inconformidades foram: pimentão, alface e morango.
O pimentão sempre foi um “vilão” quando o assunto é resíduo, mas o índice tem mostrado melhoras. No levantamento divulgado hoje, o índice de inconformidade está em 65%, mas já esteve na casa de 90%. Para que o legume diminua mais os resíduos, o ideal, afirmou Buso, seria o cultivo em estufas, sem uso de químicos no processo.
Segundo o executivo, o índice de inconformidade da alface passou de 55% para 44% e do morango de 55% para 40%.
“Temos algumas dificuldades que são culturais no uso de químicos”, disse. Segundo ele, muitas vezes, o agricultor usa algum tipo de agrotóxicos para pragas que não necessitariam de aplicação ou poderiam ser solucionadas com volume menor de químico.
Outro grande problema é o uso de produtos que ainda não estão registrados para determinadas culturas e estão na fila de avaliação do Ministério da Agricultura, destacou Buso.
Na outra ponta, os produtos com menores índices de inconformidades foram: banana, batata, tomate e cebola. Segundo o executivo da PariPassu, no caso da banana, cuja a média é de 2% de inconformidade, há casos de o índice chegar a zero. “Alguns produtores de Minas Gerais, Bahia e São Paulo não apresentam mais inconformidades”, disse. O tomate está com índice médio de 5%, mas já esteve na casa dos 55% de inconformidades.
Segundo Buso, a crise econômica ajudou a diminuir o uso de químicos. “Os químicos acabam saindo mais caro e não resolvem, aí, muito agricultor passou a usar os biológicos”, afirmou. O levantamento dos primeiros seis meses do ano avaliou 618.000 toneladas de frutas, verduras e legumes, volume 12% maior que o avaliado no mesmo período de 2016.
O programa ainda está longe de representar a realidade do Brasil. Como a adesão é voluntária, apenas 46 redes varejistas participam do programa e são responsáveis por 20% das vendas totais de hortifrúti no setor de supermercados no Brasil. A meta do programa é chegar em 2020 com adesões que representem 30% do faturamento do segmento.
Fonte: Valor