“Pela primeira vez no ano, a relação trigo x farinhas esteve favorável aos moinhos. Os preços do trigo subiram menos do que os preços das farinhas, permitindo um alívio em um ano que foi marcado pelo contrário: preços da matéria prima subindo e preços de venda dos produtos, engessados”. A afirmação é do analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.
“Evidentemente que isto não é tudo, porque o custo da produção de farinhas tem entre 20% e 30% de outros componentes, como energia, fretes, salários, impostos, que também subiram muito, mas o principal deles, sem dúvida é a sua matéria prima, o trigo”, explica ele.
Na avaliação de Pacheco, “não é a redenção do setor, porque todos sabemos que é um aumento temporário da demanda, graças às festas de final de ano, que a classe média ainda pode pagar e não quer deixar em branco, porque é uma tradição muito arraigada em nossa sociedade. Os fundamentos da economia brasileira continuam se deteriorando, sem perspectivas de melhora a curto prazo”.
“Outro ponto importante é que os preços do trigo podem permanecer nos patamares atuais, dependendo do que ocorrer com o dólar, porque não haverá trigo nacional de boa qualidade para todos os moinhos a partir de janeiro. Somente aqueles que acertaram programações para frente terão preços fechados, mas os demais terão que dançar conforme a música que será tocada pelo mercado”, ressalta.
“É verdade que a Consultoria Trigo & Farinhas também não vê grandes aumentos nos preços, por conta da grande disponibilidade de trigo da América do Sul (embora ainda esteja pendente a qualidade, que caminha para pouca proteína), mas definitivamente é pouco provável que os preços oscilem muito antes de abril/maio se (e somente se) forem confirmadas as reduções de área das safras de primavera do Hemisfério Norte. Até lá, a disponibilidade argentina tende a fazer pressão sobre os preços do trigo no Brasil”, conclui o especialista.
Fonte: Agrolink
