A agregação de valor por meio da certificação de propriedades e dos serviços ambientais e a formação profissional são os pilares da nova fase de atuação da Rede de Fomento ILPF, uma parceria público privada criada há cinco anos para incentivar a transferência de tecnologias e estimular a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Brasil. Além disso, a Rede ILPF buscará recursos externos para financiar pesquisas nesse tema.
Para dar maior dinamicidade aos trabalhos e possibilitar a entrada de novos membros, a Rede de Fomento ILPF está passando por uma mudança estrutural na qual será transformada em uma associação. A Embrapa será membro honorífico, de modo a ter todos os benefícios de um associado, respeitando-se as prerrogativas legais da Empresa.
Atualmente, além da Embrapa, compõem a Rede a cooperativa Cocamar e as empresas Dow Agrosciences, John Deere, Parker e Syngenta. Novas empresas e cooperativas já demonstraram interesse em se associar, aumentando o aporte de recursos anuais para serem usados na gestão da Rede ILPF, em ações de transferência de tecnologia e de comunicação. Já o recurso para a pesquisa será captado externamente.
NOVOS OBJETIVOS
Nessa nova etapa do trabalho, o grupo irá atuar em frentes não exploradas na fase anterior, como a divulgação internacional da tecnologia, desenvolvimento de pesquisas por meio de financiamento externo e no reconhecimento pela sociedade da ILPF como um sistema de produção sustentável.
De acordo com o presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF e pesquisador da Embrapa Solos, Renato Rodrigues, o primeiro objetivo é o de mensurar e comprovar a mitigação das emissões de gases de efeito estufa da ILPF usando uma metodologia que seja reconhecida internacionalmente no âmbito das discussões sobre mudança do clima.
“Teremos um olhar inicial com apoio dos Labex Europa e EUA, buscando parceiros de pesquisa fortes na área de mitigação de gases de efeito estufa e carbono no solo, visando a certificação da tecnologia. A ideia é ter uma certificação baseada num sistema de monitoramento reconhecido internacionalmente, seguindo os preceitos do IPCC e da Convenção de Mudança do Clima”, explica Rodrigues, informando que o objetivo é futuramente poder certificar fazendas que trabalham com ILPF.
As ações internacionais serão fortalecidas, buscando-se cooperação com instituições de pesquisa na Europa e nos Estados Unidos e fomentando a transferência de tecnologia inicialmente para países da África e posteriormente para América do Sul e Caribe. Para isso, a Rede trabalhará com apoio dos Labex, do Itamarati, Ministério do Meio Ambiente e da Agência Brasileira de Cooperação.
RECURSOS EXTERNOS PARA PESQUISA
Uma ação já iniciada é o levantamento de possíveis fontes de financiamento nacionais e internacionais, para que possam ser captados recursos para serem usados na pesquisa.
“Temos uma meta bem audaciosa de captação de recurso. Para isso, estamos criando uma estratégia internacional robusta. Esse recurso, uma vez captado, será trabalhado de diversas formas dentro da associação. Não teremos um único projeto como é hoje [MP4 em rede TTILPF]. Teremos projetos encomendados, induzidos e até mesmo editais abertos pela associação”, afirma o presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF.
De acordo com Rodrigues, além das pesquisas relacionadas ao potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, outros temas serão de interesse da Rede ILPF, como manejo integrado de pragas, definição de arranjos próprios por região, avaliação de espécies e arranjos mais indicados, avaliação econômica, serviços ambientais e possibilidade de certificação.
Outra proposta da Rede ILPF é a de criar Unidades de Referência Tecnológica e de Pesquisa (URTPs), que seriam áreas dentro dos centros de pesquisa da Embrapa que seriam usadas tanto na transferência da tecnologia, quanto na pesquisa.
“Queremos ter uma rede de experimentos em conjunto, de longa duração e com um protocolo mínimo em comum entre eles. O recurso captado externamente serviria para manter a URTP, que seria a base para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa”, explica Rodrigues.
Como forma de atrair possíveis financiadores, a Rede ILPF está planejando uma programação de eventos técnicos e institucionais a serem realizados durante a Conferência do Clima (Cop 23) em novembro, em Bonn, na Alemanha. Serão convidados para o evento representantes governos estrangeiros, de organismos internacionais, e de instituições de fomento à pesquisa e às iniciativas sustentáveis.
Como apoio para todas as atividades e atuando de maneira estratégica e direcionada, a comunicação terá papel de destaque nesta segunda fase. A expectativa é que sejam produzidos não só materiais de divulgação, técnicos e institucionais, mas também ferramentas inovadoras que contribuam com os objetivos da Rede.
Exemplos são os aplicativos que mostram a ILPF em realidade aumentada. Além de divulgar a tecnologia, os materiais poderão ser usados na capacitação de técnicos e na orientação de produtores.
TRABALHO EM REDE
Assim como o nome já diz, a Rede ILPF atua em rede em todo o país. Mais de 30 centros de pesquisa da Embrapa fazem parte do projeto e desenvolvem regionalmente ações de transferência de tecnologia relacionada à ILPF.
Atualmente são 97 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) de ILPF espalhadas pelos diferentes biomas brasileiros. Cada uma delas adota uma estratégia de integração, mostrando como esse sistema produtivo pode ser adaptado às diferentes realidades dos produtores.
Além de realizar visitas técnicas e dias de campo nessas URTs, são promovidas capacitações de agentes de assistência técnica e extensão rural dos setores público e privado em vários estados. São esses profissionais que dão apoio aos produtores que adotam a tecnologia.
Pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF mostrou que atualmente o Brasil conta com 11,5 milhões de hectares com alguma configuração de sistemas integrados.
Confira mais informações sobre a ILPF em www.ilpf.com.br.
Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril com edição da equipe A Lavoura