A raça Senepol, que chegou há 17 anos no Brasil, vem ocupando espaço crescente no rebanho nacional, o que pode contribuir, e muito, com a pecuária sustentável. Para ter uma ideia do avanço desse “gado vermelho”, originário das Ilhas Virgens (Saint Croix, no Caribe) e indicado para o cruzamento industrial, o total de animais registrados pela Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) alcançou 55.892 de cabeças em 2016, um aumento de 27% em comparação ao ano anterior.
“O Senepol traz muitos benefícios para o criador e também para uma pecuária eficiente, de ciclo curto, sustentável, aquela que produz alimento nobre, saudável, nutritivo e de elevada qualidade”, afirma Pedro Crosara, que assumiu neste mês a presidência da Associação e ficará na gestão até 2020.
“Seriedade, compromisso e motivação dos criadores em seus projetos com a raça Senepol, em especial quando fazem seus balanços financeiros e veem que a conta fecha, são alguns dos ingredientes adotados para desenvolvimento sustentável do Senepol”, avalia Crosara, que substituiu o empresário e criador Gilmar Goudard, que esteve à frente da instiuição por duas gestões (2012-2013 e 2013-2016).
OS NÚMEROS
No Brasil, existem criadores da raça em praticamente todos os Estados, o que possibilitou a evolução de 94 sócios, em 2011, para 489, no ano passado. “Se considerarmos os que não se associaram, estimamos 721 criadores no total”, calcula Crosara.
O rebanho, que teve um crescimento em quase todos as regiões brasileiras, está concentrado em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Rondônia, Goiás e Pará. Nas duas últimas gestões da ABCB Senepol, o número evoluiu 130,7%, saltando de 24.227, em 2012, para 55.892, em 2016.
Segundo a Associação, o total de animais puros de origem (PO), cadastrados sob o Registro Genealógico de Nascimento (RGN), saltou de 10.310 cabeças, em 2011, para 47.629 cabeças, no ano passado.
Crosara também cita o crescimento dos leilões da raça Senepol: de 12 pregões, realizados em 2011 (média de um leilão por mês), o número subiu para 54, praticamente um por semana.
Em 2016, a receita dos remates cresceu 10% em relação ao ano anterior e alcançou R$ 55.607.000,00 com a venda de 4.518 lotes. De acordo com a ABCB Senepol, com esse resultado, essa raça específica respondeu por 28% do faturamento dos leilões de bovinos de corte taurinos, em todo o país.
“O crescimento é muito pujante, estruturado e consistente, pois, além do trabalho realizado pelos criadores aficionados da raça, o Senepol traz resultados positivos ao negócio do pecuarista, em especial pelo valor agregado ao resultado dos produtos meio sangue e seus mestiços, que são destinados ao mercado da carne de qualidade”, destaca o presidente.
AÇÕES DA ABCB
Crosara afirma que “temos o compromisso, junto com a diretoria recém-eleita, de continuar o trabalho executado pela gestão anterior e realizarmos ações que permitam consolidar a raça Senepol no Brasil”. Para tanto, ele diz que será necessário focar na excelência e na confiabilidade dos serviços de registro genealógico, atuando de forma mais próxima ao criador.
O executivo também considera fundamental gerenciar, de dentro da Associação, mas com o foco para fora, com maior participação junto a outros players do agronegócio, com uma abordagem de visibilidade dos benefícios da raça Senepol, ao longo de toda a cadeia de valores da pecuária nacional.
“Nossa estratégia inclui o criador, que precisa do touro para aumento de rentabilidade, passando pelos benefícios do meio sangue Senepol e seus mestiços para a pecuária de ciclo curto, chegando aos frigoríficos, ao varejo e à mesa do consumidor, com a oferta de uma carne nutritiva, saudável e saborosa, demonstrando o caminho do Senepol – do pasto ao prato”, pontua Crosara.
Segundo ele, a nova gestão também terá foco no estudo científico do Senepol e seus cruzamentos. Para isso, quatro pilares são considerados fundamentais nesse processo: “O primeiro pilar está relacionado às áreas de serviços, com o objetivo de otimizar sistemas, processos e o atendimento aos associados”.
Os demais, conforme o presidente da ABCB Senepol, “são a área de relacionamento, que deve proporcionar maior intercâmbio entre associados e a diretoria; a área de marketing, com o intuito de promover o desenvolvimento contínuo e sustentável do Senepol; e por fim, mas talvez o mais importante dos pilares, valorizar a pesquisa e o desenvolvimento para demonstrar, cientificamente, as qualidades dessa raça”.
METAS
À frente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Senepol até 2020, Crosara apresenta metas bem definidas para seu mandato: “Temos ações planejadas em curto, médio e longo prazos, com destaque para maior aproximação com outras entidades de liderança e associações que atuam na pecuária nacional”.
Ele também pretende “divulgar estudos e fomentar pesquisas de desenvolvimento tecnológico junto às universidades e instituições de pesquisa, além de atuar proativamente ao lado da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), para acelerar o estudo detalhado do genoma, bem como, de outros temas relevantes para a raça Senepol”.
“Com essas ações, esperamos manter o ritmo de crescimento da raça Senepol em torno de 20% ao ano, no Brasil, mesmo se considerarmos o desafiador cenário atual pelo qual passa nosso país e a pecuária”, projeta o executivo, acrescentando que a raça Senepol tem sido vista como importante ferramenta genética, a ser utilizada para superar o atual momento de crise econômica.
“Queremos nos aproximar de outros importantes players da pecuária nacional, uma vez que a raça Senepol não é mais considerada um modismo. Ela já é reconhecida, no campo, como uma forte tendência para a pecuária moderna e de ciclo curto”, defende Crosara.
Por equipe SNA/SP