Queda nos preços mundiais do arroz

Em outubro, os preços mundiais do arroz caíram novamente na maioria dos mercados de exportação, exceto no Vietnã, onde permaneceram relativamente firmes devido ao atraso da safra de outono/inverno. Esse atraso foi causado pelas fortes inundações, que também atingiram o Camboja.

A queda dos preços foi significativa especialmente na Tailândia, onde os exportadores tentam reduzir as diferenças de preços com o Vietnã e também são afetados por uma demanda global que continua fraca.

Nesta época do ano, a demanda de importação é geralmente menor em função das colheitas principais do Hemisfério Norte, que estão no pico e durarão até o início do próximo ano.

As estimativas da produção mundial são boas, com um aumento de 1,50% em 2020/2021 graças ao crescimento das áreas de arroz, especialmente na China e na Índia. O comércio mundial deve permanecer relativamente estável, com um ligeiro aumento em relação a 2019.

Em contraste, espera-se que o comércio mundial aumente de forma acentuada em 2021, devido a um possível crescimento da demanda das importações no sudeste asiático e na África subsaariana.

Em outubro, o índice Osiriz/InfoArroz (IPO) caiu 5,00 pontos para 221,90 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 224,90 pontos em setembro. No início de novembro, o índice IPO tendia a subir para 222 pontos, influenciado pela revalorização do bath tailandês e pela redução dos estoques no Vietnã.

Produção mundial

Segundo as últimas estimativas do órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a produção mundial em 2019 teria sido de 754.7 milhões de toneladas (501.1 milhões de toneladas base beneficiado), 1% a menos que em 2018. Em 2020, as estimativas indicam uma recuperação de 1,50% para 766.1 milhões de toneladas (508.7 milhões de toneladas base beneficiado).

Estima-se que a produção chinesa e a indiana aumentem devido à expansão das áreas plantadas e melhores condições climáticas. No sudeste asiático, especialmente na Tailândia, a produção deve aumentar, porém menos do que o estimado, por causa da seca que afetou a segunda safra na metade do ano.

No resto da sub-região, a expectativa é de melhora geral da produção. Na África subsaariana, e especialmente nas regiões ocidentais, as chuvas abundantes têm incentivado o desenvolvimento das culturas.

Mas as recentes inundações, as piores dos últimos 60 anos, podem impactar as safras que já estão saindo. Assim, as estimativas de aumento da produção africana poderiam ser reduzidas.

No Mercosul, a temporada 2020 foi boa, marcando um aumento geral na produção de arroz de 3,20% em comparação com 2019. Nos Estados Unidos, a colheita tem sido atrasada pelas más condições climáticas nas principais regiões produtoras de arroz do Sul. Entretanto, a produção interna teria aumentado 17%, graças à expansão das áreas semeadas.

Comércio e estoques globais

O comércio mundial de arroz caiu 9% para 44.2 milhões de toneladas contra 48.5 milhões de toneladas em 2018. Os principais importadores asiáticos, exceto as Filipinas, reduziram as suas demandas de importação. As compras africanas também teriam sido menores em 2019, totalizando 16.7 milhões de toneladas contra 16.9 milhões de toneladas em 2018.

Em 2020, as novas estimativas globais foram revistas ligeiramente para cima em 0,40% para 44.4 milhões de toneladas. Dentro desta relativa estabilidade do comércio mundial, há contrastes do lado dos exportadores. As vendas tailandesas diminuíram drasticamente em 30%, registrando o volume mais baixo dos últimos 20 anos.

O Vietnã finalmente estaria ultrapassando a Tailândia, e subindo para o segundo lugar no ranking mundial, com  avanço em relação ao concorrente tailandês de 15% nos primeiros dez meses do ano. A Índia, por outro lado, estaria registrando uma boa recuperação de suas exportações, de 25%, graças aos preços competitivos, consolidando assim sua liderança mundial.

As estimativas iniciais para 2021 indicam um aumento significativo no comércio mundial de 6,90% para 47.2milhões de toneladas, 2.8 milhões de toneladas a mais do que em 2020. Os estoques mundiais de arroz no final de 2019 aumentaram em 4,70% para 184.8 milhões de toneladas em comparação com as 176.4 milhões de toneladas em 2018, atingindo o volume mais alto da história. Esses estoques representam 37% das necessidades globais.

O aumento adicional se deve principalmente ao incremento das reservas da China, Índia e Indonésia. Os países exportadores também teriam aumentado suas reservas em 2019 para 45 milhões de toneladas, o equivalente a 25% dos estoques mundiais. As estimativas para 2020 indicam uma queda de 1,30% para 182.4 milhões de toneladas. Esta redução poderia se repetir em 2021, cuja estimativa é de 182 milhões de toneladas, 0,20% menor do que em 2020.

Exportações indianas

Na Índia, os preços do arroz caíram 2% e permanecem os mais competitivos do mercado, em parte graças à desvalorização da rúpia em relação ao dólar. As exportações indianas continuam a progredir, apesar da demanda global enfraquecida e das dificuldades logísticas que ainda existem nos portos marítimos indianos. Os operadores indianos mantêm uma oferta significativa, procurando reduzir os enormes estoques nacionais.

As vendas externas poderiam aumentar 25% para 12.3 milhões de toneladas contra 9.8 milhões de toneladas em 2019. Em outubro, o arroz indiano quebrado 5% caiu para US$ 350 a toneladas/FOB contra US$ 358,00 em setembro. O arroz indiano 25% também caiu para US$ 330,00 de US$ 335,00. No início de novembro, os preços permaneciam estáveis.

Arroz tailandês

Na Tailândia, os preços para exportação registraram uma significativa queda de 7% em um mês. Eles sofrem os impactos da redução da demanda mundial e da chegada da nova safra ao mercado. As exportações mensais, no entanto, tendem a aumentar, graças à reativação da demanda africana.

As vendas externas em outubro foram de cerca de 450.000 toneladas em comparação com as 390.000 toneladas de setembro. No entanto, elas estariam 30% menores do que na mesma época do ano passado, e poderiam não exceder 5.5 milhões de toneladas em 2020, menor volume dos últimos 20 anos, colocando assim o país atrás do Vietnã pela primeira vez.

Em outubro, o preço médio do arroz tailandês 100%B foi de US$ 464,00 contra US$ 491,00 em setembro. O parboilizado tailandês caiu para US$ 459,00 de US$ 493,00 anteriormente. No início de novembro, os preços tendiam a se firmar, graças aos novos embarques de exportação e também graças à valorização do bath em relação ao dólar.

Embarques do Vietnã

No Vietnã, os preços de exportação permaneceram firmes, subindo 1% em relação a setembro. Este aumento se deve, por um lado, à redução dos estoques na tentativa de atender à demanda doméstica e, por outro lado, às graves inundações que estão atrasando a colheita principal.

Em outubro, o Vietnã teria exportado apenas 320.000 toneladas em comparação com as 378.000 toneladas em setembro. A demanda das Filipinas, seu principal mercado, permaneceu fraca, enquanto os embarques para a África e China teriam aumentado. As exportações estão 8% menores que no mesmo período do ano passado.

No ritmo atual, as vendas externas não devem exceder seis milhões de toneladas em 2020, mas subiriam para o segundo lugar no mundo, atrás da Índia. Pela primeira vez, as exportações vietnamitas excederiam as vendas tailandesas. Em outubro, o Viet 5% foi cotado a US$ 473,00 contra US$ 469,00 em setembro. O Viet 25% subiu ligeiramente para US$ 450,00 contra US$ 448,00 anteriormente. No início de novembro, os preços permaneciam firmes.

Preços do Paquistão

No Paquistão, os preços caíram 2% como resultado da forte concorrência indiana e do aumento da oferta de exportação. A nova safra chega ao mercado e a produção deve aumentar em 10% em relação à safra anterior.

As exportações em setembro subiram para 188.000 toneladas em comparação com 168.000 toneladas em agosto. No entanto, elas continuam 20% abaixo das do ano anterior, no mesmo período. No ritmo atual, as vendas externas não ultrapassariam 3.5milhões de toneladas, contra a 4.5 milhões de toneladas em 2019.

Em outubro, o Pak 25% foi cotado a US$ 354,00 contra US$ 360,00 em setembro. No início de novembro, os preços ainda eram fracos. Na China, a oferta de exportação deve ser mais consistente nas próximas semanas graças à boa safra principal.

Ritmo de vendas

O aumento da produção e das disponibilidades exportáveis se deve à expansão das áreas de cultivo, seguindo uma política de incentivo de preços ao produtor. Em 2020, as exportações chinesas poderiam exceder três milhões de toneladas contra 2.6 milhões de toneladas em 2019. Nos Estados Unidos, os preços de exportação caíram novamente, embora a queda tenha sido menos significativa do que no mês anterior.

Os clientes tradicionais, que são o México e o Haiti, têm sido lentos em fechar novos contratos. Os Estados Unidos contam agora com as necessidades de importação do Brasil para reavivar suas vendas ao exterior. Em outubro, o Brasil teria comprado mais de 55.000 toneladas de arroz norte-americano.

Foi o segundo maior cliente, depois do México, cujas compras ultrapassaram 92.000 toneladas. As vendas externas subiram acentuadamente para quase 290.000 toneladas contra apenas 85.000 toneladas em setembro. O México é seu principal cliente com 24% das exportações, seguido pelo Japão (14%) e Haiti (12%).

O preço indicativo médio do arroz Long Grain 2/4 foi de US$ 593,00 a tonelada contra US$ 595,00 em setembro. No início de novembro, o preço continuou a cair para US$ 585,00. Na Bolsa de Chicago, os preços dos contratos futuros do arroz em casca aumentaram ligeiramente para US$ 275,00 a tonelada contra US$ 273,00 em setembro. No início de novembro, os preços permaneciam em torno de US$ 273,00.

Países do Mercosul

No Mercosul, os preços de exportação aumentaram 2% graças à reativação da demanda regional. No Brasil, as exportações teriam atingido cerca de 70.000 toneladas (base beneficiado) contra 40.000 toneladas em setembro. Também no Uruguai, as vendas externas subiram para 95.000 toneladas em outubro, em comparação com as 70.000 toneladas anteriores.

A depreciação do real reduziu o preço indicativo do arroz em casca brasileiro em 3% em média, para US$ 375,00 contra US$ 387,00 em setembro. No início de novembro, o preço permanecia em torno de US$ 374,00. Na África subsaariana, os preços internos continuaram estáveis na maioria dos mercados regionais. Mas eles podem começar a diminuir com a chegada das novas colheitas, que devem ser boas.

A demanda de importação de arroz permanece estável por enquanto, com uma possível recuperação nas próximas semanas, graças aos preços internacionais particularmente atraentes.

 

Fonte: Infoarroz

Equipe SNA

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