Para o diretor Técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no primeiro trimestre de 2016 já era esperada por causa da quebra na produção de milho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda em relação a igual período de 2015, foi de 3,7%, a maior desde o 4º trimestre de 2012, quando o recuo foi de 5,8% em relação a igual período do ano anterior. Já em relação ao 4º trimestre de 2015, o recuo foi de 0,3%.
“Era de certa forma esperado. A queda da produtividade de certas culturas, como o milho e o fumo, prejudicaram o PIB”, afirmou Ferraz à Agência Estado.
Algumas culturas apresentaram retração na estimativa de produção anual: fumo em folha (-20,9%), arroz em casca (-7,6%) e milho em grão (-5,0%). Em compensação, a cultura de soja apontou variação positiva de 1,3% na produção anual. Já as exportações do setor, tem colaborado para sustentar os preços domésticos o que, para Ferraz, colabora indiretamente com o setor.
Neste sentido, a produção e os preços recordes da soja devem sustentar o PIB agropecuário nos próximos meses. “Podemos ter uma quebra na safra da Argentina, o que poderá ter um impacto positivo para o Brasil”, afirmou.
Sobre a pecuária, apesar do consumo doméstico de carne bovina ter caído abruptamente neste ano, para a Ferraz, não há impacto deste segmento para o PIB, uma vez que os preços pagos aos produtores têm se mantido estáveis. Para o próximo trimestre, Ferraz afirma que o PIB Agropecuário deve se manter estável.
“Por enquanto, em virtude de toda a conjuntura em que o País se encontra, acho que a tendência é continuarmos com relativa estabilidade. Uma queda de 0,3% não é tão importante”, disse. “O agro continua sendo um setor que tem tido uma resistência boa e ainda consegue ter um desempenho melhor que os outros setores.”
No longo prazo, no entanto, Ferraz avalia que é preciso haver uma recuperação da economia geral do País para que o setor não seja prejudicado. “O consumo das famílias caiu de novo e isso vai começar a refletir”, disse. “O setor ainda vai resistir por um tempo, mas precisamos buscar caminhos para recuperar a economia.”
Fonte: Globo Rural