A publicação “O Novo Mundo Rural e a Produção de Alimentos no Brasil”, lançada pelo diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves, e pelo engenheiro agrônomo e doutor em administração, Xico Graziano, propõe uma reformulação no ensino do agronegócio nas escolas.
“As pessoas não entendem efetivamente o que é agro. Elas fazem confusão e não sabem os grandes números”, afirma o diretor da SNA. “É preciso entender que o agro é muito maior do que a agricultura. A agricultura está só dentro da fazenda, mas o agro também está antes da fazenda, tem os insumos e a indústria, tem o supermercado, tem a quitanda. Tudo isso é o agro e as pessoas fazem uma confusão muito grande”.
A transformação no ensino, para o especialista em planejamento estratégico do agro, começa com o material didático. “O docente, às vezes, entra num assunto sem a profundidade devida ou sem a efetiva visão de tudo que está acontecendo lá. Então hoje os materiais estão sendo revistos”.
Porém, acrescenta Fava, “não é para obrigar uma pessoa a trocar (de livro). Ninguém quer isso, porque é um ambiente de democracia. A pessoa vende ou não o livro dela, ela pode escrever o que quiser. O que vai ser dito é que tem outro ponto também que poderia ser considerado. Essa é uma melhoria dos materiais que hoje estão enviesados, ultrapassados, ensinando sobre carburador quando não há mais carro hoje com carburador”.
Temática atual
A proposta, segundo os autores da obra, é promover temas atuais. “Vamos trazer o novo. O setor tem problemas? Sim, pode falar desse problema, mas que não se generalize, não deixe de dar importância hoje para essa produção sustentável, que é tão importante em termos de renda para o Brasil, de interiorização do desenvolvimento”.
Divulgada pelo movimento Todos a Uma Só Voz, a publicação propõe uma lista de dez novos temas ligados ao agro para o ensino fundamental: cooperativismo; aproveitamento dos alimentos; matas ciliares; bem-estar animal; novos alimentos; bioeconomia; agricultura digital; melhoramento genético; agro colaborativo e outras atividades.
“Não é para brigar, não é para a escola ser obrigada a adotar isso. Nós, como estudiosos da área, estamos falando que tem coisas legais para ensinar o jovem, para ele entrar no YouTube e ver como funciona uma impressora de comida, ver como funciona hoje a aplicação localizada de defensivos, que não é mais em litros de produto por hectare, agora é uma ‘cuspidinha’ que se dá em cima da planta só, muito mais ambiental. Explicar uma série de novos conceitos”, ressalta o diretor da SNA.
Resistência
Entretanto, Fava lamenta que a resistência às sugestões não venha somente dos alunos, mas também por parte dos responsáveis pelo ensino. “Hoje o Brasil está tão armado e a gente fica tão desgostoso, porque você vai propor uma sugestão de melhoria, aí a classe reage contra você dizendo que você quer mudar o ensino no Brasil. É difícil hoje, porque as pessoas não estão aceitando contribuições para melhoria”.
Segundo Fava , existe uma a carga ideológica que prejudica o entendimento sobre o real conceito do agronegócio. “Não podemos usar a sala de aula para um público vulnerável para descarregar uma carga ideológica. O agro é ciência. Depois, se você vai gostar ou não, é outra história. Mas ali você tem de transferir a ciência, o dado, a forma de funcionamento e melhorar a capacidade analítica do jovem, trazendo os problemas e as vantagens para que ele possa pensar nisso”.
Além disso, o especialista observa que, de modo geral, o ensino sobre o agro dentro das escolas brasileiras carrega não só temas, como também uma terminologia obsoleta. “E a gente também está meio que pedindo que alguns termos, que já são obsoletos, não sejam mais usados. Hoje você não vê nos países que são os principais produtores, que estão ensinando agricultura, o uso do termo latifúndio, proletário. Isso são coisas que não existem mais”, destaca Fava.
Conteúdo
Os professores interessados poderão fazer o download da publicação no site Doutor Agro e colocar o conteúdo para discussão em sala de aula. “Eles podem sugerir às crianças, por exemplo, o acesso de vídeos no Youtube”, afirma Fava, acrescentando que a revisão de todo o material é feita por cientistas contratados por grandes unidades de ensino.
“É um movimento do bem para que a gente melhore e atualize os conteúdos sobre o negócio mais importante do Brasil, que estão sendo oferecidos principalmente para as crianças e jovens do ensino médio. Esse é o objetivo, essa é a ideia”, conclui o especialista.
Acesse aqui, na íntegra, a proposta “Agro para Estudantes“.
Fontes: Doutor Agro/Canal Rural
Equipe SNA