Países da União Europeia (UE) liderados por França e Irlanda propuseram adiar uma oferta de comércio agrícola para o Mercosul até que as regras sejam acordadas para se evitar uma concorrência desleal, informaram diplomatas na última quinta-feira (28/9). A iniciativa está criando um potencial obstáculo para o acordo.
Em uma carta à Comissão Europeia, os países disseram ser particularmente vulneráveis às importações de etanol, açúcar e carne bovina e de frango do Mercosul e afirmaram que uma oferta da UE relacionada a cotas de importação seria “inoportuna”, até que um “campo de jogo nivelado” possa ser alcançado.
A oferta agrícola da UE deveria ser entregue na próxima semana durante negociações em Brasília. A resolução das diferenças em relação à agricultura é crucial se os dois lados quiserem chegar a um acordo político até o fim do ano, que é o objetivo do Mercosul.
A carta que pede o adiamento da oferta, vista pela Reuters, foi assinada por Áustria, Bélgica, França, Hungria, Irlanda, Lituânia, Luxemburgo, Romênia, Polônia, Eslováquia e Eslovênia. Em resposta, um comunicado que pressiona a UE a fazer uma oferta agrícola na próxima semana foi assinado na quinta-feira por Alemanha, Itália, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Espanha, Portugal e República Tcheca, disse um diplomata europeu em Brasília.
“A última parte das negociações será difícil”, declarou o diplomata, sob a condição de anonimato. Outro diplomata europeu afirmou que as negociações, que se prolongam há 18 anos, estão em uma etapa crucial. “Se o acordo não for feito agora, com base onde estão Argentina, Brasil e Europa politicamente, talvez nunca seja feito”.
Rodadas anteriores de negociações deixaram de discutir as importações de carne, açúcar e etanol do Mercosul, mas Brasil e Argentina não assinariam nenhum acordo caso esses itens não estivessem incluídos. O governo argentino advertiu que não haveria nenhum acordo este ano se a oferta agrícola da UE não fosse divulgada.
Fonte: Reuters