A falta d’água obriga a busca por novos caminhos para enfrentar o problema da preservação e do abastecimento. Em Minas Gerais, um projeto simples e eficiente recupera antigas lagoas, que voltam a funcionar como importantes reservatórios.
A taboa tomou conta de uma lagoa assoreada e cada metro quadrado da planta consome bastante água. “São 4,5 litros por dia. Além de ocupar o espaço que deveria estar com água, a taboa segura os sedimentos e continua consumindo aquela água que porventura venha no período de chuva”, diz Hernane Abdon, secretário do Meio Ambiente de Brumadinho.
O secretário identificou 800 lagoas que precisam de recuperação. São reservatórios construídos há mais de 30 anos. Com o tempo, a chuva levou sedimentos para o fundo dos lagos, que ficaram mais rasos e permitiram a fixação de plantas.
Alguns agricultores, como Rubens de Souza, pensaram em fazer a manutenção da lagoa, mas a intervenção precisa ser autorizada pelo órgão ambiental. “Pedi autorização váras vezes, tentei. Mas, é muito difícil. Você não pode mexer que é um crime ambiental”, explica.
Agora, a lagoa do agricultor está em processo de limpeza graças ao projeto Lagoa Viva, um trabalho desenvolvido pela prefeitura. O projeto, que tem autorização dos órgãos ambientais e dinheiro de uma empresa da região, está sendo executado em caráter experimental.
“Nós estamos procurando parceiros e começando com o primeiro que nos ajudou com R$ 300 mil. Eu acredito que mais R$ 900 mil ou R$ 1 milhão nós estaremos completando esse projeto que é pioneiro em Minas Gerais”, diz Antônio Brandão, prefeito de Brumadinho.
CUSTO
O custo maior do projeto é na hora da máquina que retira o material acumulado dentro da lagoa. O produtor não paga para receber a benfeitoria. Mas precisa se inscrever na prefeitura e esperar porque a fila é grande. São 230 agricultores já cadastrados. O agricultor Rubens de Souza foi um dos primeiros atendidos.
Em um das áreas, todo o material retirado do fundo da lagoa está sendo utilizado para reforçar uma barragem. Mas quando sobra o material, que é rico em nutrientes, é levado para áreas degradadas com erosão e voçorocas. O reservatório ainda nem está pronto e já acumula a água das chuvas de fevereiro e recebe água de nascentes da região. Com isso, Domingos pode ligar a irrigação sem medo na produção de mudas.
As lagoas estão em fase final de recuperação em outra propriedade da região. Em uma delas a água será usada principalmente para a irrigação dos pés de mexerica, uma das culturas mais importantes do município. Como o proprietário tinha pressa e dinheiro, a prefeitura fez o projeto e ele pagou pelo trabalho da máquina.
As lagoas têm um ladrão. Quando chega num nível mais alto, a água segue pela tubulação e continua o caminho natural. Além disso, existe um limite. Cada lagoa pode acumular no máximo cinco milhões de litros de água. Após a recuperação, a estimativa é que as 800 lagoas armazenarão quatro bilhões de litros de água.
O entorno das lagoas também será recuperado com plantas nativas para não haver novos assoreamentos.
Fonte: Globo Rural