“O risco político institucional é a mãe de todos os riscos enfrentados pelo agronegócio brasileiro”, disse Antônio Buainain, professor de Economia Agrícola da Unicamp, durante o Fórum Estadão Brasil Competitividade, Sustentabilidade no Campo, realizado no auditório da sede do jornal, na capital paulista. Além do risco político institucional, o professor apontou outros quatro: ameaça logística, ameaça fitossanitária, riscos financeiro e tecnológico. Acrescentou que, no Brasil, a fragilidade política do agronegócio impressiona e que ela se manifesta no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“As agendas evoluem aquém das necessidades do setor, pois a fragilidade impede a realização das agendas propostas pelo Ministério. O que acontece na esfera pública é a divisão e a falta de visão dos setores que planejam e decidem”, disse Buainain.
Com relação à logística, o professor da Unicamp considera um risco muito sério, pois não dá para improvisar estradas, armazenamento e escoamento da produção.
“É preciso ação concreta. Como podemos oferecer condições de concorrência aos produtores rurais se não há meios eficientes de escoamento? Se o agronegócio tem perspectivas, por que não tem investimentos?, questionou , indicando, também, a defesa sanitária como um dos mais graves problemas e que a sua condução tem que ser modernizada. “Não adianta contratar mais profissionais se os procedimentos são os mesmos, não mudam, vão inventando regras que ninguém entende”, concluiu.
Por sua vez, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles, afirmou que produtores devem se organizem para driblar o processo de verticalização. “A organização é fundamental para a competitividade”, disse, ao defender que todas as políticas permanentes para o setor precisam ser plurianuais, precisam atender outras culturas, além dos cereais, como laranja e cacau.
Fontelles lembrou que o agronegócio é responsável por 20% do Produto Interno Bruto nacional, 40% das exportações, gera entre 25% e 30% dos empregos do País e ocupa apenas 28% do território nacional. Destacou, ainda, a necessidade de incrementar a produtividade no campo, como o aumento da eficiência da pecuária, para que a agricultura possa se expandir nas áreas que já estão abertas, acrescentando que a agropecuária tem um compromisso econômico e precisa se preparar para ser principal player mundial em novas culturas.
O presidente do sistema Faesp/Senar SP, Fábio Meirelles, fez o discurso de abertura do Fórum, no qual reivindicou políticas públicas de longo prazo para a produção agrícola e afirmou que o Plano Safra atua dentro de pontos emergenciais, sem trazer solidez para a agropecuária brasileira. Questionou, ainda, se o seguro rural consegue defender a renda do produtor e disse que a sustentabilidade no campo gera tranquilidade social, econômica e política, destacando que a produção agropecuária não pode ser mais familiar, voltada para consumo próprio.
Ele também listou os problemas enfrentados pelo setor produtivo, como falta de infraestrutura, para escoar a produção e armazenagem, excesso de impostos, legislação trabalhista inadequada para o trabalhador rural, além da insegurança jurídica trazida pelo novo Código Florestal.
Por Equipe SNA/SP