Produção de tilápia será recorde neste ano

Sustentada pela força das cooperativas paranaenses, a produção de tilápias do País caminha para bater recorde neste ano, no que promete ser o começo da transformação do Brasil em uma potência exportadora de pescados – um sonho nunca alcançado, apesar da extensa costa marítima brasileira e do potencial para o cultivo de peixe em cativeiro.

Se a projeção da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR) se confirmar, a produção nacional de tilápia somará 450.000 toneladas, contra 400.000 toneladas em 2018, segundo o presidente da entidade, Francisco Medeiros.

A tilápia é o carro-chefe da aquicultura nacional. Ao todo, o Brasil produziu 722.000 toneladas de peixes em cativeiro em 2018. Depois da tilápia, o peixe amazônico tambaqui é um dos mais cultivados.

Com presença importante nas áreas de grãos e avicultura, a cooperativa paranaense C.Vale é uma das principais responsáveis pelo aumento da produção nacional de tilápia. Em outubro de 2017, inaugurou um frigorífico em Palotina (PR) com capacidade para abater cerca de 150.000 tilápias por dia.

A C.Vale, que investiu R$ 110 milhões para erguer a unidade, pretende atingir a capacidade total do frigorífico gradualmente. Hoje, os cooperados fornecem 80.000 tilápias por dia, segundo Alfredo Lang, presidente da C.Vale. A expectativa é que em 2021 a capacidade de 150.000 tilápias por dia seja ocupada.

Trata-se de um volume significativo. Maior produtora de tilápias da América Latina e responsável por quase 10% da oferta do peixe no Brasil, a cooperativa Copacol, de Cafelândia (PR), abate cerca de 140.000 tilápias por dia.

O mercado doméstico é o grande canal de escoamento da produção de tilápia. A exportação é marginal, embora venha crescendo e tenha potencial. Segundo o presidente da Copacol, Valter Pitol, a tilápia produzida pela cooperativa ainda é totalmente destinada ao mercado interno, mas já há contatos para fazer os primeiros embarques aos EUA.

Para Medeiros, da PeixeBR, a valorização do dólar e a implementação do drawback (incentivo fiscal à exportação) na piscicultura tornou as vendas externas rentáveis desde do ano passado. Nesse cenário, o Brasil vem conseguindo vender até mesmo de tilápia congelada, segmento no qual o País estava ausente e tem sofrido com a concorrência agressiva da China.

O maior volume exportado, no entanto, ainda é de filé de tilápia fresca, enviada para Boston, nos EUA, via transporte aéreo. Entre janeiro e agosto, os brasileiros exportaram 420.100 toneladas de filé de tilápia fresco, 20% mais que no mesmo período de 2018.

Na mesma comparação, os embarques de filé de tilápia congelado dobraram para 84.800 toneladas. No caso das vendas de tilápia inteira congelada, as exportações eram praticamente nulas até o ano passado. Nos primeiros oito meses de 2019, 15.500 toneladas do peixe inteiro congelado foram exportadas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela PeixeBR.

“A receita de exportações, porém, é pequena”, admite Medeiros. Neste ano, as exportações de filé de tilápia fresco renderam perto de US$ 3 milhões. No caso do filé congelado, a receita foi de apenas US$ 210.000,00. Os embarques de tilápia inteira congelada renderam US$ 40.000,00.

Para o presidente da PeixeBR, o cenário tende a mudar. Como o Brasil vem ganhando competitividade (as cooperativas paranaenses têm a maior produtividade do mundo na produção de tilápias em tanques escavados), a produção do país pode conquistar fronteiras.

Nesse sentido, todo o potencial de expansão da produção deve ser canalizado para atender a demanda externa, avalia Medeiros. Segundo ele, os pedidos feitos no governo federal para obter autorização para produção de tilápias em reservatórios de hidrelétricas pode permitir a produção adicional de dois milhões de toneladas, o que quintuplicaria a oferta.

De olho no mercado internacional, o setor conta com a parceria da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para traçar um diagnóstico dos principais países a serem explorados, bem como da situação dos concorrentes.

 

Valor Econômico

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