A produção de laranja no cinturão que se espalha por São Paulo, Triângulo Mineiro e sudoeste de Minas Gerais alcançou 286 milhões de caixas de 40,8 quilos na safra 2018/19, segundo estimativa divulgada ontem pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), órgão mantido com contribuições de agricultores e indústrias exportadoras de suco. Em relação ao volume colhido no ciclo 2017/18, houve baixa de 28,2%.
Ainda que parte dessa queda expressiva seja consequência da bienalidade negativa da temporada, a laranja, como o café, alterna safras de maior e menor produtividade. O volume apurado foi 11,6% menor que o resultado médio das últimas dez safras, em virtude de adversidades climáticas.
“A atuação irregular do clima na safra teve início ainda em 2017 com o atraso das chuvas da primavera, o que acarretou no florescimento mais tardio das laranjeiras. No período pós-florescimento, as altas temperaturas prejudicaram o pegamento dos frutos, o que culminou na redução do número de laranjas produzidas por árvore”, explicou o Fundecitrus, em nota.
O tombo já era esperado e não teve reflexos sobre as cotações do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) ontem na bolsa de Nova York, embora o Brasil domine as exportações globais da commodity.
Os contratos futuros fecharam em queda inferior a 0,70% e passaram a acumular redução de quase 20% nos últimos 12 meses, em larga medida graças à recuperação da produção da Flórida, que abriga o segundo maior parque citrícola do mundo, menor apenas que o de São Paulo e Minas.
Além de os embarques do Brasil estarem em rota descendente nos últimos meses, a demanda mundial por suco de laranja também é cadente, sobretudo em razão do consumo mais fraco em mercados tradicionais como o americano e o europeu. E, no que depender da próxima safra brasileira (2019/20), a pressão continuará, já que a bienalidade será positiva e a oferta tende a crescer.
Valor Econômico