As usinas que produzem etanol a partir de milho já existentes no país, aquelas que estão em implantação e os projetos de investimento já aprovados deverão ser capazes de garantir uma produção de oito bilhões de litros do biocombustível na safra 2028/29.
No entanto, o volume poderá ser ainda maior caso se confirmem novos aportes que estão em discussão. Foi o que estimou Henrique Ubrig, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), durante a Novacana Ethanol Conference.
Segundo ele, em 2020 a produção do biocombustível já poderá alcançar dois bilhões de litros, contra os 840 milhões de litros de 2018. Para atingir a oferta prevista para 2028, Ubrig estimou que a demanda das usinas por milho deverá chegar a 20 milhões de toneladas.
No ano passado, foram dois milhões de toneladas do grão para a produção do biocombustível, e em 2020 Ubrig estima que a demanda dessas usinas pelo cereal já subirá a 6.2 milhões de toneladas.
Segundo o dirigente, o maior desafio para o crescimento do etanol de milho recai sobre a matéria-prima para garantir a geração de eletricidade necessária para manter as indústrias rodando. Hoje, a principal biomassa que abastece as caldeiras das usinas existentes é o eucalipto, mas a disponibilidade de florestas onde as indústrias estão é baixa.
De acordo com Ubrig, as empresas já em atividade estão investindo em plantio de eucalipto em locais que chegam a distar 200 quilômetros das usinas. Para garantirem a oferta necessária, as empresas do ramo precisarão plantar ao menos 100.000 novos hectares de eucalipto. “Dependendo dessa evolução (dos investimentos), a área poderá chegar a 300.000 hectares”, disse o presidente da Unem.
Mas esses investimentos levarão tempo para amadurecer. “As florestas estarão prontas em cinco ou seis anos. Será um período de dificuldade, mas logo mais teremos disponibilidade”. Nesse meio tempo, algumas usinas poderão ter de recorrer a outras biomassas, como bambu e torta de algodão, que têm alta disponibilidade em Mato Grosso e baixo valor agregado.
A FS Bioenergia, da qual Ubrig é presidente do Conselho, vai começar a testar o uso de bambu, que cresce mais rápido que o eucalipto. “Vamos ver. Pode ter algum problema com caldeira”. Outras usinas deverão ter de recorrer a florestas mais distantes. “Certamente haverá o ônus de buscar florestas longe, mas é por um período curto”, defendeu o dirigente.
Por outro lado, milho está longe de ser um problema. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Sérgio Bortolozzo, afirmou, no mesmo evento, que a produção do grão poderá passar de 101 milhões de toneladas, na safra 2018/19, para até 150 milhões em 10 anos. Isso sem avançar em novas áreas – apenas com o aumento do cultivo da safrinha.
“Dos 40 milhões de hectares de grãos hoje, usamos 12 milhões para a safrinha. Com melhor tecnologia, podemos plantar até 30 milhões de hectares só de segunda safra”, disse Bortolozzo.
Valor Econômico