A produção de açúcar no centro-sul do Brasil na segunda quinzena de outubro totalizou 1.51 milhão de toneladas, com aumento de 57,80% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, o setor continua a destinar grande parte de sua produção de cana para atender as vendas de etanol, que foram recordes no mês passado, segundo informação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
O total de açúcar produzido ficou acima das expectativas da S&P Global Platts, que apontavam 1.38 milhão de toneladas, com o setor registrando um aumento de sacarose na cana na segunda quinzena.
Dessa forma, a produção de açúcar no acumulado da temporada 2019/20, iniciada em abril, atingiu a 25.2 milhões de toneladas, com aumento de 3,30% na mesma comparação.
Já a moagem de cana do centro-sul na segunda quinzena de outubro atingiu a 32.6 milhões de toneladas, com aumento de 30,65% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado da safra, registrou alta de 6,25%, chegando a 542.9 milhões de toneladas.
Por sua vez, a produção de etanol do centro-sul na segunda quinzena do mês aumentou percentualmente menos na comparação com o açúcar, para 2.05 bilhões de litros, com alta de 45,35% em relação ao volume produzido no mesmo período do ano passado.
No acumulado da safra, a produção de etanol aumentou 7,95%, para 29.56 bilhões de litros (incluindo o etanol de milho, com volume de 739 milhões de litros).
A maior produção proporcional do adoçante em relação ao etanol na segunda quinzena ocorreu com um aumento do Açúcar Total Recuperável (ATR), que atingiu 151,49 quilos por tonelada de cana (+13,19% na comparação anual), algo visto como momentâneo.
Nessa conjuntura, o mix de cana para o açúcar ganhou 2% em relação à mesma quinzena do ano passado, para 32,14%.
“O deslocamento do pico de concentração de ATR e a maior moagem reduziram a flexibilidade das unidades produtoras no último mês. Nas próximas quinzenas, o ATR deve manter a tendência de queda e, com isso, deveremos observar um mix de produção ainda mais alcooleiro”, disse, em nota, o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.
Vendas recordes
Com os preços do etanol mais interessantes, o setor tem direcionado novamente nesta safra mais cana para a produção do biocombustível, com o mix alcooleiro somando 64,90% no acumulado da safra, em detrimento do açúcar.
A Unia informou que o volume de etanol hidratado comercializado pelas unidades do centro-sul no mercado interno totalizou 2.11 bilhões de litros em outubro, com aumento de 3,88% no comparativo com o volume observado no mesmo mês de 2018.
O volume vendido em outubro de etanol hidratado, concorrente da gasolina, foi recorde para um mês no mercado doméstico.
Na segunda quinzena de outubro, as vendas de hidratado atingiram a 1.11 bilhões de litros, registrando aumento de 3,33% em relação a mesma quinzena do ano anterior.
“O crescimento se deve, mais uma vez, à manutenção da competitividade do biocombustível frente à gasolina na maior parte do mercado”, indicou a Unica.
Moagem
A associação das usinas notou que a moagem da safra está caminhando para o final, já que o número de usinas paradas é maior que o registrado no mesmo período do ano passado, após um período mais seco recentemente.
Até 1º de novembro deste ano, 67 unidades do centro-sul haviam encerrado a safra, contra 52 usinas até a mesma data de 2018. Para a primeira quinzena de novembro, a expectativa é de que outras 57 unidades finalizem as atividades desse ciclo, contra apenas 34 em 2018.
“A expectativa é de que essa tendência de antecipação a moagem prevaleça nas próximas quinzenas. Este cenário só deve mudar se as condições climáticas prejudicarem a operacionalização da colheita”, disse Pádua.
Reuters