O cacau (Theobroma cacao), pai do nosso chocolate de cada dia, é típico da América do Sul. O fruto, originário da chuvosa bacia do Rio Amazonas, tem produção anual estimada em 250.000 toneladas. O Brasil é hoje o 7º maior produtor de cacau do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesta sexta-feira é celebrado o Dia do Cacau. Originalmente amargo, ele ganha vários tons de sabor na indústria e tem potencial para crescer no País. A meta é ampliar a produção em 60.000 toneladas em quatro anos.
Dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) apontam que o País tem capacidade instalada de processar aproximadamente 275.000 toneladas de cacau. A exportação anual chega a cerca de 50.000 toneladas de derivados para diversos países, como Argentina e Estados Unidos.
No ano passado, o volume total de cacau nacional foi de 174.283 toneladas, enquanto a moagem ultrapassou 219.000 toneladas. Pará e Bahia lideram o ranking de produção da amêndoa, com 128.900 e 113.000 toneladas por ano, respectivamente.
Novas práticas
Os dois estados têm investido em novas práticas para aumentar a produtividade e a qualidade do cacau brasileiro. Na Bahia, por exemplo, ganha destaque o sistema de produção do cacau Cabruca, cujo fruto é cultivado debaixo das árvores da Mata Atlântica.
“É importante enfatizar que é um sistema de produção agrosilvipastoril. É uma esquematização muito conservacionista, eficaz e sustentável, quando bem manejado, é bastante produtivo”, disse o cacauicultor e vice-presidente Administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Guilherme Moura.
O plantio da amêndoa também é importante fonte de renda para a agricultura familiar. Dos mais de 70.000 produtores, a maioria (70%) está em pequenas propriedades.
Cuidado com pragas
Outra medida para garantir e melhorar a produção nacional é a prevenção de pragas. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) mantém o serviço de alerta fitossanitário para as principais pragas do cacaueiro (podridão parda, vassoura-de-bruxa, ácaro da gema e mal do facão).
A Comissão orienta os produtores sobre quais cuidados devem ser tomados para que uma praga se instale em uma região e passe a ser endêmica, com riscos de afetar a produção em maior ou menor grau, dependendo das condições climáticas e de manejo.
O trabalho é desenvolvido junto às superintendências federais de Agricultura e os órgãos estaduais de defesa, principalmente na implantação do plano para impedir a entrada da monilíase no País. A praga já ocorre em vários países da América Central e do Sul, incluindo os que fazem fronteira com a região Norte do Brasil.
Genética e manejo
Uma das linhas de ação da Ceplac é a busca de materiais genéticos resistentes às principais pagas, bem como no controle integrado (manejo).
“Nós desenvolvemos clones de alta produtividade e precocidade com níveis de resistência à vassoura-de-bruxa e atualmente trabalhamos de forma preventiva em relação à monilíase, que ainda não existe no Brasil”, disse o diretor da Comissão, Waldeck Araújo.
Produtos em destaque
O trabalho conjunto para dar maior qualidade ao cacau do Brasil conquistou reconhecimento internacional. Em 2019, o País foi oficialmente certificado pela Organização Internacional do Cacau (ICCO) como exportador de 100% de cacau fino e de aroma.
O cacau fino e de aroma é identificado por apresentar sabores diferenciados, desde frutados, florais, amadeirado, entre outros. A definição leva em consideração as características genéticas (origem), local (terroir) e o tratamento das amêndoas pós-colheita.
O comércio mundial de cacau e chocolate fino atende a um mercado de nicho e representa menos de 5% do total comercializado entre os países. Contudo, o produto tem preço elevado no mercado, podendo custar até três vezes mais do que o cacau comum ou a granel, conhecido como “bulk”.
Chocolate
O cacau é a matéria-prima de um dos alimentos mais apreciados no mundo, o chocolate. Rico em carboidrato, o chocolate é uma importante fonte de energia, além de ter vitaminas do complexo B e minerais, tais como o magnésio e potássio.
O Brasil é o 5º maior consumidor de chocolate no mundo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), em 2019, o País produziu 75.900 toneladas de chocolate (incluindo em pó). Estima-se que até 2023 a produção ultrapasse a marca de 303.000 toneladas.
A Associação informou ainda que o Brasil exportou 28.800 toneladas de chocolates em 2020, e cerca de 49.900 toneladas de derivados do cacau no mesmo ano.
O País busca conquistar mais espaço no mercado de chocolate com alto teor de cacau. A demanda pelo produto é impulsionada pelos países europeus, que consomem cerca de 8 kg a 10 kg per capita por ano de chocolate com alto teor de cacau, enquanto os brasileiros consomem cerca de 2,6 kg por pessoa por ano.
“É uma parcela da população que gosta do sabor do cacau no chocolate, cerca de 70% a 72% de cacau no produto”, destacou a Abicab.
Concursos
A qualidade do cacau tem sido estimulada por meio de concursos com a participação de produtores, a exemplo do Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil e do Prêmio Internacional do Cacau em Paris. A Ceplac coordena e participa diretamente das comissões de coordenação e execução, incluindo o processo seletivo.
Em sua terceira edição, o Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil está com inscrições abertas até o dia 30 de junho. A premiação tem como objetivo incentivar a melhoria da qualidade e sustentabilidade na produção de cacau especial no Brasil, com a divulgação do uso da amêndoa em chocolates especiais e a promoção deste segmento junto aos consumidores.
Já o Prêmio Internacional do Cacau reconhece as melhores amêndoas por área geográfica: América do Sul, América Central e Caribe; África Ocidental, Ásia e Oceania. O objetivo é premiar a excelência do cacau de origem, proporcionando o reconhecimento global para os produtores e regiões que cultivam frutos de alta qualidade, facilitando a articulação entre os produtores das amêndoas e os fabricantes de chocolates especiais e finos.
Fonte: Agrolink
Equipe SNA