Produção agrícola da safra 2013/2014 ameaçada por pragas

A produção agrícola do país, na safra 2013/2014, poderá ser afetada devido à forte incidência de três pragas de difícil controle. São os casos da lagarta helicoverpa armigera,  da “mosca branca” e da “ferrugem asiática” que atacam e afetam a produtividade de culturas como as da soja, algodão, feijão e milho, em diferentes regiões produtoras do país. Esse é o diagnóstico preliminar da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em reunião realizada nesta semana, na sede da entidade, em Brasília.

No entender do presidente da Comissão, Rui Carlos Ottoni Prado, também presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), “é preciso que o governo federal adote medidas urgentes capazes de minimizar as perdas dos produtores e evitar que a safra de grãos 2013/2014 acabe prejudicada”.

Cenário preocupante

Para a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Cristina dos Santos, o cenário é preocupante em relação ao que pode acontecer com o segmento de vegetais e fibras. Diante dessa situação, explicou ela, “será feito um mapeamento completo sobre as pragas que poderão provocar perdas na safra 2013/2014”. O objetivo é identificar possíveis prejuízos à produção agrícola, além do impacto econômico que poderá afetar a renda do produtor, assinalou.

Ela anunciou a realização em Brasília, no dia oito de julho, de um seminário técnico que vai debater e identificar ameaças dessas pragas para o setor agrícola brasileiro. As conclusões do encontro serão encaminhadas ao governo federal para que sejam adotadas medidas preventivas no curto prazo.

O grande problema, segundo Ottoni Prado, está nos entraves legais que impedem a rápida liberação de novos defensivos agrícolas. No seu entender, a lentidão e a burocracia fazem com que a validação de novos produtos para o combate às pragas seja demorada. Esse modelo, disse, é frágil e pode não estar pronto a tempo de alcançar o plantio da nova safra, que começa a ser cultivada a partir de setembro.
De acordo com o especialista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Meyer, só com a “ferrugem da soja”, praga que foi identificada no Brasil em 2001, as perdas dos produtores rurais chegam US$ 20,8 bilhões. Trata-se de um custo brutal para o segmento soja, de US$ 1,8 bilhão ao ano, que o agricultor é obrigado a suportar devido, principalmente, a essas intempéries.

A “ferrugem da soja” apresentou maior incidência na região Sul durante a  colheita da safra 2012/2013 e está relacionada à intensidade das chuvas nas áreas de produção. Quanto mais intensas as chuvas, maior é a ação dessa praga que provoca o desfolhamento prematuro da leguminosa, reduzindo a capacidade da planta produzir grãos.

Política fitossanitária

Para o Coordenador-Geral de Registro e Fiscalização de Agrotóxicos e Afins, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Luis Eduardo Rangel, que participou dos debates na Comissão, “mais importante do que a liberação emergencial de produtos químicos no combate às pragas é a adoção de uma nova política fitossanitária para o país”.

Os critérios que definem as ações nessa área ainda remontam a um decreto-lei de 1934, durante o governo do então presidente Getúlio Vargas, destaca o especialista. Naquela época, lembrou ele, predominava “a produção de café e do fumo, em um contexto econômico completamente diverso do existente nos dias atuais”.

A CNA, segundo o presidente da Comissão, enxerga a necessidade de uma mudança estrutural – com alteração da legislação específica – mas “quer uma política de curtíssimo prazo capaz de evitar danos ao setor agrícola na próxima safra”. Essas medidas emergenciais seriam, basicamente, a liberação pelos órgãos técnicos do governo de novos defensivos agrícolas que tenham eficácia comprovada.

O registro emergencial de novos defensivos agrícolas enfrenta um cenário muito complexo porque a solução do problema depende de procedimentos simultâneos em diversos órgãos do governo federal, casos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)  e do próprio MAPA.

Fonte: Canal do Produtor

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