Produção agrícola brasileira cresce em ritmo bem maior que a média global

A produção agrícola brasileira cresceu a uma taxa anual de 2,30% entre 2010 e 2019, quase o dobro da média mundial (1,40%), confirma o relatório divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre 1999 e 2000, a produção havia crescido 3,20% ao ano no Brasil, enquanto a média global foi de 1,70%.

Segundo a OCDE, o avanço no País foi impulsionado pelo crescimento da Produtividade Total de Fatores (TFP), e o incremento da utilização de insumos intermediários foi compensado pelo declínio do uso de fatores primários na produção.

Emissões de gases

No relatório “Monitoramento e avaliação da política agrícola 2022”, a OCDE voltou a apontar que a agricultura brasileira contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, e reforça que o País ainda não apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) sua estratégia de longo prazo para reduzir essa pegada.

Segundo a OCDE, a agricultura representou 43,30% das emissões no Brasil em 2020, abaixo do nível registrado em 2000 (45,30%), mas ainda bem acima da média internacional (9,70%).

Maior participação

A entidade aponta que o uso de energia pelo setor agrícola brasileiro cresceu em até 5,60% da demanda nacional total em 2020, percentual também superior à média dos países da OCDE (2%).

A maior participação do setor agrícola na economia brasileira e a importância da pecuária baseada em pastagem contribuem para esses resultados, indicou a entidade.

Embora a participação da agricultura nas captações de água tenha permanecido elevada (58,10%), o estresse hídrico é baixo (0,70%) comparado à média global de 8,60%. Excedentes de nutrientes no Brasil aumentaram desde 2000, e o balanço de fósforo é mais de cinco vezes maior que a média da OCDE.

Compromissos

A entidade realça que o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até 2030 em relação aos níveis de 2005. A meta inclui emissões relacionadas ao uso da terra e  à silvicultura.  No entanto, a OCDE informa que não há nenhuma meta específica relacionada à agricultura e lembra ainda que o país estabeleceu o objetivo de alcançar a neutralidade de emissões até 2050.

O Brasil aderiu ao Compromisso Global de Metano e concordou, voluntariamente, em assumir ações para reduzir as emissões globais do gás em pelo menos 30% até 2030, a partir dos níveis de 2020. Mas as implicações práticas desses compromissos não são conhecidas, já que a Estratégia de Longo Prazo do Brasil ainda não foi submetida à UNFCCC, a Convenção do Clima nas Nações Unidas.

A OCDE também destacou que o Brasil anunciou, na COP26, em Glasgow (Escócia), que acabará com o desmatamento ilegal até 2028.

Políticas

Em seu relatório, a Organização explica que as políticas agrícolas brasileiras relacionadas às mudanças climáticas, mitigação ou adaptação, estão embutidas nos instrumentos de política agrícola do País, como crédito, seguros e zoneamento.

Além disso, complementou que a iniciativa central do Brasil sobre mitigação na agricultura é o Plano Nacional de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), que busca disseminar tecnologias que mitigam as emissões de gases de efeito estufa na produção.

Fonte: Valor
Equipe SNA
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