“Somos um país funcionando de cabeça para baixo. Se não fosse o agronegócio já teríamos afundado no Oceano Atlântico”. Com essa declaração, o presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello Castro, mostrou a importância do setor para a economia brasileira durante o 16º Congresso da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), na última segunda (7/8), em São Paulo.
O executivo foi um dos debatedores do Painel sobre Reforma Tributária, junto com Luiz Gustavo Bichara, sócio da Bichara Advogados e professor da Fundação Getúlio Vargas, e Paulo Ayres Barreto, sócio-diretor da Aires Barreto Advogados.
“Como a parte industrial está muito ‘machucada’ devido à tributação e lembrando que o Brasil é o único país onde a industrialização é tributada, aumentar os investimentos na agricultura tem sido uma de nossas tendências”, justificou.
Segundo Rabello, o Brasil está cada vez mais vulnerável com a possibilidade de troca de presidente.
“O capital de que o presidente menos dispõe é tempo. Nesse aspecto, ele terá que fazer opções, reequilibrar a área fiscal, ajudando o ministro Henrique Meirelles a encontrar o caminho do meio”, sugeriu.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Para Rabello, com a definição de uma reforma tributária que “destrave” o Brasil, o agronegócio ganhará tanto direta quanto indiretamente. Como explica, o efeito indireto é muito maior do que o direto e por um motivo muito simples.
“Temos, hoje, uma logística de terceira categoria e, em parte, o processo tributário atual prejudica o estabelecimento de novos projetos, quer rodoviários, quer ferroviários, que são importantes para o Brasil agrícola ganhar mais competitividade e de fato se consolidar como o grande supridor mundial de alimentos.”
Em sua opinião, com uma menor oneração no setor logístico, por exemplo, que é um dos grandes gargalos para o maior desenvolvimento da agricultura, a produção rural também tende a ser beneficiada.
“A simplificação do sistema tributário é quase uma revolução”, destacou Rabelo, acrescentando que isso ajudará na melhora do relacionamento entre os estados exportadores, já que ficará bem mais esclarecido qual é a parcela de contribuição máxima do agronegócio para aquele estado produtor.
FOCO DOS NEGÓCIOS
Segundo Rabello, a força e a competitividade do agronegócio colocam o setor como o expoente econômico brasileiro e, por isso, ocupa maior participação nos negócios do BNDES.
Ele informou que o desembolso atual do banco para o agronegócio deve subir de 18% para 20%. “Pretendemos atingir cerca de R$ 85 bilhões a R$ 90 bilhões, quiçá R$ 100 bilhões”, disse ele em coletiva de imprensa durante o Congresso da Abag.
Por Equipe SNA/SP