Presidente da SNA participa do Enaex 2023

Antonio Alvarenga discursa na solenidade de abertura/@1berto_foto

Contexto geral e abertura

O 42º Encontro Nacional de Comércio Exterior contou com diferentes segmentos com atuação no comércio exterior brasileiro para discutir estratégias destinadas a seu fortalecimento, analisando, debatendo e propondo ações para eliminar entraves que reduzem a competitividade dos produtos e serviços brasileiros, tais como logística, sistema tributário, burocracia, acesso a mercados, custos financeiros, entre outros.

Realizado no centro de convenções EXPO MAG, no Rio de Janeiro, o evento foi prestigiado por autoridades, especialistas, acadêmicos e políticos. O Portal da SNA acompanhou os trabalhos e traz os destaques.

Na solenidade de abertura, Antonio Alvarenga, que também é diretor superintendente do Sebrae/RJ, parabenizou a AEB por mais uma edição do Enaex no Rio de Janeiro e, na condição de representante das micro e pequenas empresas, apresentou dados sobre a evolução da participação desse setor no comércio exterior e as ações que o Sebrae empreende para promover a sua internacionalização.

Segundo ele, hoje cerca de 12 mil micro e pequenas empresas exportam, mas representam apenas 1% do total das exportações brasileiras, e ainda de baixo valor agregado. Há um longo caminho a percorrer, e o Sebrae possui programas de capacitação e consultoria para o segmento, atuando em parceria com outras entidades no sentido de tornar as micro e pequenas empresas habilitadas a vender seus produtos e serviços no mercado externo, além de torná-los compatíveis com as exigências de um cenário globalizado.

 

1ª Participação

O primeiro painel do dia teve como moderador Márcio Fortes de Almeida, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), e membro da Academia Nacional de Agricultura. Com o tema “AÇÕES PARA AMPLIAR AS EXPORTAÇÕES DE MANUFATURADOS E ACELERAR A INSERÇÃO INTERNACIONAL DE MPEs”, contou com o próprio Alvarenga, além de Tatiana Lacerda Prazeres, secretária de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Constanza Negri, gerente de comércio e integração internacional da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Fernando Pimentel, presidente emérito e diretor superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções).

 

Antonio Alvarenga, Constanza Negri, Marcio Fortes e Fernando Pimentel/@1berto_foto

 

Os debatedores salientaram que as micro e pequenas empresas precisam ampliar suas exportações, embora empreguem muitos brasileiros. Em sua fala, Alvarenga iniciou dizendo que o agronegócio é uma inspiração para vários setores, sobretudo em termos de exportação. No tocante às micro e pequenas empresas, ele reiterou os dados expostos em sua apresentação de abertura, acrescentando que é necessário vencer o chamado “custo Brasil”. Esses empreendimentos precisam ganhar competitividade ao se aventurarem no mercado internacional, mas antes têm que se preparar. Mencionou os programas ProGlobal e Prointer Bio & Techdo do Sebrae/RJ, que tiveram suas características explicadas num vídeo exibido para o auditório. Alvarenga destacou que o empreendedor brasileiro tem na persistência sua principal característica, e que o Sebrae e outras entidades seguirão ajudando esse contingente a aperfeiçoar seus negócios.

 

2ª Participação

Mais adiante, já como moderador do painel “CENÁRIOS E PERSPECTIVAS PARA O AGRONEGÓCIO NO MUNDO GEOPOLÍTICO INSTÁVEL”, Alvarenga recebeu os debatedores Marcos Jank, professor sênior e coordenador do Centro Insper Agro Global; João José Prieto Flávio, coordenador do ramo agro da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil); Marcus Erich Thieme, diretor de relações com investidores e ESG da Caramuru Alimentos e Felipe Spaniol, coordenador de inteligência comercial e defesa de interesses da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Ele ressaltou que o agronegócio é responsável por mais da metade das exportações brasileiras, liderando as vendas de certos produtos como soja, milho e café. Em suas falas, os convidados procuraram salientar a produtividade nacional é a chave para o ganho competitivo das últimas décadas, num crescimento que busca a integração lavoura – pecuária e a maior eficiência dos sistemas que compõem a cadeia produtiva. Isso alavanca a pujança do país na mesma medida em que se atende aos novos critérios de sustentabilidade e matrizes energéticas limpas.

No tocante às instabilidades geopolíticas e afins, Marcos Jank lembrou que nos últimos três anos, a produção brasileira seguiu crescendo mesmo num cenário simultâneo de guerra, pandemia e eventos climáticos extremos, o que representou um teste no qual o país logrou êxito. Alvarenga aproveitou para registrar que o agronegócio é hoje uma indústria tão robusta graças aos esforços heroicos e pioneiros que desbravaram o centro oeste numa época de dificuldades logísticas bem maiores. Esses imigrantes visionários, conforme disse, pavimentaram o caminho dos que vieram depois.

João José Prieto Flávio falou sobre o cooperativismo no agronegócio, que possibilita a participação de agricultores de menor porte na cadeia produtiva, inclusive no cenário internacional. Os cooperados possuem acesso a assistência técnica, insumos, capacitação e tecnologia. A diversificação dos produtos também é uma característica marcante desses modelos de negócio no país, o que se reflete no alcance das exportações. Prieto deu exemplos de cooperativas competitivas e pujantes em suas atividades, que conseguem atender a clientes de forma organizada, com qualidade e rastreabilidade de produção. Assim, cumprem uma função social para além de sua estrutura econômica.

Após elogiar as cooperativas brasileiras e a explanação de Prieto, Alvarenga passou a palavra a Marcus Thieme, que discorreu sobre o processo de beneficiamento da soja que sua empresa empreende, num exemplo que ela chamou de “comodities diferenciadas”, com valor agregado que pode seguir adiante para o consumidor final. Thieme também ressaltou a logística integrada no transporte e a preocupação de produtores e compradores com a sustentabilidade, citando os biocombustíveis adquiridos de pequenos agricultores que possuem o selo verificador, algo que ajuda muitas famílias.

 

Felipe Spaniol, Marcus Erich Thieme, Antonio Alvarenga, João José Prieto e Marcos Jank/@1berto_foto

 

Thieme comparou as emissões de carbono do Brasil com os países europeus, em termos de população e território, constatando, através dos dados apresentados, que os produtores nacionais estão entre os menos poluentes do mundo, guardadas as proporções.

Felipe Spaniol postulou que não se pode fazer distinção entre agronegócio e indústria, dado o grau de profissionalização que a produção agrícola atingiu. Ademais, ele argumentou que o Brasil deve se posicionar como protagonista na luta contra a insegurança alimentar, com o aumento recente da desnutrição e a expectativa de crescimento da população, de acordo com números da FAO e da OCDE. Ele lembra que a Índia e países africanos devem puxar a demanda por consumo de proteína animal, além do encarecimento dos fertilizantes, que pressionam as margens de ganho do produtor.

Spaniol ecoou as projeções de que compradores asiáticos, sobretudo a China, continuarão a ser determinantes na balança comercial brasileira, com crescimento também do bloco de países do Oriente Médio. A CNA, segundo ele, acredita que os desafios para o futuro do agronegócio são o aumento das medidas protecionistas, tarifas altas para produtos agrícolas, ampliação dos acordos firmados pelo Mercosul e os fortes subsídios de outros governos.

Spaniol concluiu dizendo que a rigidez de certas regras ambientais cria barreiras disfarçadas que travam o livre comércio, além de ser necessário melhorar a imagem do agronegócio, que é bastante atacada no exterior. A atuação de representantes brasileiros precisa ser intensificada, com a divulgação de quanto o país realmente preserva. Por fim, ele afirmou que a pandemia e a guerra, entre outros fatores, mostraram a necessidade de se antecipar a potenciais entraves.

Alvarenga alertou que, além das pressões internacionais, o Brasil recebe muitas críticas internas, o que dificulta a consolidação de parcerias e politiza as negociações de bons acordos. O presidente da FUNCEX, Antonio Carlos Pinheiro, estava na plateia e falou sobre o novo escritório da entidade em Portugal.

Por Marcelo Sá, jornalista/Editor
Equipe SNA

 

 

 

 

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