Historicamente dependente de um orçamento público que pouco cresce para sustentar suas despesas, a maior parte com a folha de salários, a Embrapa, referência em pesquisas agropecuárias no país, viu seu prejuízo líquido alcançar R$ 488 milhões em 2016, 6,9% mais que no ano anterior.
Isso aconteceu a despeito de os repasses orçamentários terem aumentado de R$ 2.8 bilhões, em 2015, para R$ 3.03 bilhões no ano passado, de acordo com balanço divulgado ontem. No total, as receitas operacionais, que incluem os repasses, outras receitas menores e até doações para o patrimônio da Embrapa, aumentaram 5,6%, para R$ 3.04 bilhões.
Por meio da contabilidade divulgada pela estatal, que não concedeu entrevista, é possível perceber que suas despesas operacionais, que levam em conta gastos com pessoal, manutenção de serviços e contratos de terceirizados, entre outros itens, aumentaram 7,6% para R$ 3.2 bilhões em relação a 2015. No caso das despesas com a folha de servidores, o incremento chegou a 9,5%, para R$ 2 bilhões (ver infográfico abaixo).
A Embrapa não abre no balanço que divulgou uma rubrica específica referente aos investimentos ou despesas relacionadas à pesquisa. Contudo, pela Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada pelo Congresso – e que detalha os recursos efetivos que cada órgão do governo tem à disposição todo ano -, é possível notar que o orçamento da estatal para “pesquisa e inovações para a agropecuária” pouco cresceu: passou de R$ 330.3 milhões, em 2015, para R$ 346 milhões 2016.
Mas a necessidade de mais recursos para essas finalidades é uma demanda frequente, tanto por parte das administrações da Embrapa quanto do Ministério da Agricultura, ao qual a estatal está vinculada, e do setor agropecuário em geral.
Nesse contexto, a empresa pública vem fazendo gestões nos últimos anos, na tentativa de ganhar musculatura, para ampliar o número de parcerias com as companhias privadas, inclusive grandes multinacionais do agronegócio. Nessas parcerias, a Embrapa muitas vezes põe variedades de sementes à disposição para o desenvolvimento de novos produtos.
Ocorre que, segundo o balanço publicado, as receitas com vendas e serviços, que incluem as parcerias com as companhias privadas, registraram queda de 19,4% no ano passado, para R$ 25.8 bilhões. São receitas oriundas de produção vegetal e animal, além de arrecadação originada com “prestação de serviços científicos, tecnológicos e agropecuários”.
Fonte: Valor Econômico