A escassez global de açúcar já registrada nos últimos meses pode ficar ainda pior diante dos preços recordes em décadas do etanol no Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, em meio ao aumento da demanda pelo biocombustível no País. O cenário sugere uma dúvida entre a opção no processamento para alimentação ou combustíveis.
Em entrevista para a Bloomberg, Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets, o etanol seria “potencialmente mais lucrativo, especialmente para as usinas que estão financeiramente apertadas”. A nova safra de cana já deve ser menor por conta dos impactos climáticos no centro-sul do Brasil.
Acompanhando o cenário delicado no país, os preços do açúcar em Nova York subiram mais de 70% no período de um ano.
Uma alternativa ao Brasil seria a importação de etanol de outras origens, porém, os preços também estão subindo em outros exportadores, como os Estados Unidos, por exemplo, segundo a Bloomberg, na medida em que avança a vacinação e as pessoas começam a se deslocar. Existe até a possibilidade do Brasil exportar para os EUA.
A BP-Bunge Bionergia ainda vê o açúcar mais competitivo do que o etanol para exportação, com previsão de manutenção de um prêmio de até 3 centavos/lb até outubro, antes de cair para 1 centavo, afirmou Ricardo Carvalho, diretor comercial da joint venture.
A eminente escassez de açúcar também pode ser limitada com possíveis cancelamentos das fixações antecipadas nesta safra. Porém, Bruno Lima, chefe de açúcar do StoneX, disse que antes de converter mais cana em etanol, as usinas teriam de pagar uma taxa cara para cancelar esses contratos.
O custo pode superar os 4 centavos/lb, com os preços do etanol precisando chegar aos 21,8 centavos/lb para compensar, sobre os 17 centavos/lb dos níveis atuais.
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