Motivados por preços elevados, os produtores brasileiros deverão levar a área plantada de grãos ao maior patamar da história nesta safra 2020/21. E, se o clima não atrapalhar, a colheita deverá voltar a bater recorde, também impulsionada pela tendência de aumento de investimentos em tecnologias.
Segundo estimativas divulgadas ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no total a área plantada deverá alcançar 66.8 milhões de hectares, 1,30% mais que em 2019/20. A produtividade média nas lavouras está calculada pela estatal em 4.022 quilos por hectare e, com isso, a colheita deverá somar 268.7 milhões de toneladas, com aumento de 4,20% na comparação.
Para a soja, carro-chefe do campo nacional, a Conab projeta área de 37.9 milhões de hectares, 2,50% maior que a do ciclo anterior. O rendimento médio das plantações que estão sendo semeadas neste momento deverá crescer 4,4%, para 3.529 quilos por hectare, e o volume de produção tende a ficar, assim, em 133.7 milhões de toneladas, 7,10% acima do recorde de 2019/20.
No caso do milho, as estimativas divulgadas ontem ainda levam em consideração a repetição da área observada na segunda safra na temporada anterior, já que nesse caso o plantio, que representa a maior parte da produção, só começará depois de encerrada a colheita de soja, no início do ano que vem.
Com isso, a área plantada do cereal por enquanto está prevista em 18.5 milhões de hectares no total (primeira, segunda e terceira safras), com retração de 0,20% em relação a de 2019/20, a produtividade média está estimada em 5.690 quilos por hectare, com aumento de 2,80%, e a colheita está estimada em 105.2 milhões de toneladas, 2,60% mais farta e também um novo recorde.
No caso do arroz, a Conab estimou a área de plantio em 1.7 milhão de hectares, aumento de 1,60% em relação à 2019/20. Mas como a estatal prevê que a produtividade média vai cair 4,20%, para 6.431 quilos por hectare, a colheita tende a ser menor: 10.9 milhões de toneladas, contra 11.2 milhões de toneladas no ciclo passado, marcado por preços elevados também nesse mercado.
“A nova safra começa com preços muito altos e produtores motivados a investir”, disse Guilherme Bastos, Presidente da Conab. Ele destacou que, no caso do milho, os preços estão até 100% mais elevados que em 2019, as exportações do País deverão alcançar 34.5 milhões de toneladas neste ano, foram 6.6 milhões em setembro e que, nesse contexto, 27% da colheita da safra de verão, cuja colheita ganhará ritmo em janeiro, já foi vendida.
A demanda externa também continua aquecida no mercado de soja, realçou o presidente da Conab. Para o carro-chefe do agronegócio nacional, a estimativa da estatal é que as exportações alcançarão 82 milhões de toneladas este ano, apenas um pouco abaixo do recorde registrado na safra 2017/18. Inflados pelo câmbio, os preços domésticos alcançaram máximas históricas acima de R$ 120,00 a saca de 60 quilos.
No caso do arroz, Bastos afirmou que a retirada do imposto de importação para uma cota de 400.000 toneladas do cereal de fora do MERCOSUL surtiu o efeito esperado pelo governo. Segundo ele, a medida interrompeu as altas de preços, que continuam em níveis nunca antes vistos, e deram estabilidade para o mercado. Ele salientou que metade da cota já foi usada e que o cereal importado entrará em breve no Brasil.
No mesmo evento virtual que contou com a participação de Bastos, o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, disse que a colheita brasileira de grãos poderá ser ainda maior que o recorde projetado. Ele está otimista por acreditar na estabilização das chuvas nas regiões produtoras, que neste início de plantio estão escassas, e por causa da forte demanda dos produtores por crédito rural entre julho e setembro.
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