A alta dos insumos, especialmente dos fertilizantes e defensivos agrícolas, tem tirado o sono dos agricultores paranaenses. Em todas as regiões do estado, a história se repete. Com os insumos da safra de verão 2021/22 e da safrinha de 2022 já garantidos, agora começa a corrida para planejar a compra para a safra 2022/23.
Só que os preços estão até 400% mais elevados, segundo relatos de produtores rurais durante a reunião da Comissão Técnica (CT) de Cereais, Fibras e Oleaginosas, do Sistema Faep/Senar-PR, realizada de forma remoto nesta quinta-feira.
O presidente da CT, José Antônio Borghi, enfatizou ao longo do encontro que “não é a hora de se desesperar e comprar insumos a qualquer preço. Para comprar errado, não precisamos ter pressa”, disse.
“Temos acompanhado especialistas falando que é provável que no ano que vem haja uma melhora nas cotações dos insumos. Acredito que precisamos ter paciência e não aceitar a pressão para comprarmos nesses preços fora da realidade que estamos vendo atualmente.”
Bom desempenho
Na rodada de conjuntura das regiões, os produtores rurais relataram que o plantio da soja, de modo geral, está na reta final ou mesmo concluído. Tirando problemas pontuais, na média, a oleaginosa até agora tem apresentado desenvolvimento satisfatório.
Há poucas áreas com trigo para colheita neste ano em que o cereal está com uma qualidade abaixo da média histórica. O milho verão tem uma área pequena comparada com a soja, mas o que foi plantado com o cereal tem apresentado bom desenvolvimento, segundo os produtores.
Experimento no milho
A última safra (2020/21) foi marcada por um atraso histórico no plantio da soja, que empurrou o milho safrinha para uma janela arriscada de plantio. O resultado foi que a falta de chuva na segunda safra derrubou a produtividade do cereal no estado, a ponto de causar preocupação até mesmo no abastecimento das agroindústrias do Paraná.
Por isso, durante a reunião da CT, os produtores puderam acompanhar uma apresentação de um experimento da Embrapa Milho e Sorgo, com sede em Sete Lagoas, Minas Gerais, que permite antecipar o plantio do milho em até 20 dias.
Para ajudar a evitar problemas como os que ocorreram na última safra, o pesquisador Emerson Borghi, da Embrapa, explicou que a instituição estuda há 14 anos o projeto “Antecipe – Cultivo Intercalar Antecipado”. Na prática, essa técnica envolve uma semeadora-adubadora capaz de plantar o cereal com a soja ainda na lavoura.
Com a soja em enchimento de grão (estádio R5), já é possível semear o milho. Na hora de colher a oleaginosa, a colheitadeira corta uma parte da planta nova de milho, mas são mantidas folhas e raízes, o que faz a planta brotar e seguir seu desenvolvimento normalmente.
Resultados
Borghi apresentou os resultados obtidos em diversos municípios do Brasil, incluindo no Paraná. Em Campo Mourão, por exemplo, o uso do Antecipe proporcionou um incremento de até 60 sacas por hectare com a antecipação do plantio em 20 dias.
Em Londrina, o resultado chegou a até 20 sacas a mais com o plantio adiantado em 20 dias em relação à safrinha normal. “É preciso deixar claro que esse sistema não tem a intenção de substituir o milho safrinha no País, mas é um sistema inovador que tem potencial para dar uma opção de antecipação ao produtor rural”, disse o pesquisador.
Fonte: Agrolink
Equipe SNA