Preços de hortifrutis devem começar a cair

O Índice Ceagesp, que mede o comportamento dos preços de uma cesta de 150 produtos hortifrutigranjeiros e serve de referência para as oscilações no atacado de São Paulo, maior centro consumidor do país, voltou a subir em março (3,49%).

A alta foi motivada por problemas causados pelas chuvas e pelas temperaturas elevadas em regiões produtoras do país, notadamente no Sul e no Sudeste. No primeiro trimestre, a alta acumulada chegou a 10,14%, e no período de 12 meses encerrado em março, a 20,46%.

No mês passado, todos os grupos de produtos comercializados no entreposto da estatal federal na capital paulista, o maior da América Latina, registraram valorizações em seus preços médios. “Diversos”, que incluem batata, cebola e ovos, entre outros, subiram 16,25%, seguidos por legumes (5,19%), frutas (2,67%), verduras (2,53%) e pescados (1,34%).

Segundo Flávio Godas, economista-chefe da Ceagesp, a tendência para os meses é de baixa generalizada de frutas, legumes e verduras, em razão da queda das temperaturas e da redução do volume de chuvas nas regiões produtoras que abastecem a capital de São Paulo. Godas lembrou que, ainda que o primeiro trimestre seja normalmente marcado por altas desses produtos, os patamares observados neste ano não são usuais.

“Ainda em março, a região metropolitana e parte do cinturão verde paulista registraram aumento de 27% no volume de chuvas em relação à média histórica do mês”, disse, e isso prejudicou a produção e a colheita em algumas áreas.

Diante das intempéries paulistas e de outros estados fornecedores de alimentos para a capital, frutas bastante demandadas nesta época do ano tornaram-se indigestas para o bolso. O caju, por exemplo, subiu 82%, um percentual nada amigo, ao passo que os populares mamão formosa e banana nanica subiram 59,5% e 39%, respectivamente.

Godas disse que o caju ofertado na Ceagesp chega de Pernambuco, Minas Gerais e do interior paulista. “O caju que vem do Nordeste já é mais caro por causa do frete, e em São Paulo e Minas Gerais houve problemas climáticos, o que encareceu o produto, em uma época em que, tradicionalmente, o volume de produção já é menor”.

No caso do mamão, Marcela Bavieri, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), disse que foram o excesso de chuvas no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia, no fim de 2018, e as altas temperaturas no início deste ano que prejudicaram a produção. “O clima afetou o ‘pegamento’ da florada, ou seja, dificultou que as flores se transformassem em frutos e reduziu a oferta”.

Na propriedade de Renê Crema, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, a seca bateu pesado nas lavouras de mamão formosa e papaya. “O sol foi tanto no mês passado que chegou a secar a raiz de algumas plantas, que depois não deram fruta”, disse o produtor.

No município de Pinheiros no Espírito Santo, onde Crema também planta mamão, o problema foi o excesso de chuvas. “O clima do ano passado dificultou que eu entrasse nas áreas aplicando adubo e pesticidas na hora certa, e a produção também caiu”.

A disparada da banana, por sua vez, refletiu o forte calor no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, e em Minas Gerais, que contribuiu para acelerar a maturação dos frutos no início do ano e, com isso, a reduzir a oferta em março. Segundo Bavieri, a situação deverá se normalizar no fim de abril, ou no mais tardar, em maio.

Mas nem todas as frutas ficaram mais caras no entreposto da Ceagesp na capital paulista em março. As de época ficaram mais em conta. A melancia, por exemplo, caiu 25%; a maçã gala ficou 15,3% mais barata e o abacaxi pérola recuou 14%.

No grupo formado pelos legumes, as principais altas foram as do cogumelo shimeji (51%), do pimentão amarelo (43%) e do tomate (35%), mas houve queda de preços de chuchu (49%), berinjela comum (18%) e quiabo (16%). Entre as verduras, puxaram a alta geral a cebolinha (56%) e a couve (17%), mas recuaram os preços de produtos como coentro (25%), brócolis (12%) e rúcula (11%).

 

Valor Econômico

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