A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, no dia 24 de maio, um debate sobre o tema “Preços de alimentos, desafios do futuro”, em que foram abordados pontos como o cenário de inflação e a oferta global de alimentos.
O encontro, moderado pelo coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, teve como debatedores a economista-chefe do Bloomberg, Adriana Dupita; o economista da área de Macroeconomia da LCA Consultores, Fábio Romão, e o economista sênior no Policy Center for the New South, Otaviano Canuto.
Segundo Renato Conchon, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação brasileira, vem acumulando altas nos últimos 12 meses e atingiu 12%, enquanto o indicador de alimentos e bebidas aumentou ainda mais: 13,5%.
“São números bastante preocupantes em um momento que estamos justamente em uma transição de saída da pandemia, onde muitas famílias tiveram impactos negativos na sua renda”, afirmou o coordenador da CNA.
Impactos e desafios
Adriana Dupita falou sobre os impactos e desafios para o controle da inflação de alimentos. Ela explicou os fatores que impulsionaram o quadro atual – pandemia, guerra na Ucrânia e lockdowns na China – e destacou o risco da volta da “estagflação”, a alta nos preços das commodities, mesmo com o desaquecimento da economia. Além disso, afirmou que as respostas dos bancos centrais ao problema não serão homogêneas.
Fábio Romão analisou como a política monetária vem reagindo aos impactos secundários desse choque e o cenário de juros e inflação para a população brasileira. Ele apresentou a variação anual do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), comparando as diferenças entre os principais setores.
“Além das commodities, fatores como o aumento dos combustíveis e da energia elétrica também interferem na formação dos preços dos alimentos. Infelizmente, continuaremos com um cenário de inflação pesada neste ano, mas com alguma perspectiva de desaceleração em 2023”, disse Romão.
Agravantes
Para Otaviano Canuto, a combinação entre pandemia, guerra na Ucrânia e fenômenos climáticos em várias partes do mundo formou uma tempestade “apocalíptica” que cria riscos reais para um quadro de fome global.
Segundo, fatores como a elevação nos preços das commodities energéticas, a estocagem de alimentos e as restrições às exportações impostas por 35 países nos últimos dois anos também estão agravando os custos dos alimentos.
“O índice global de alimentos, medido pela FAO, atingiu o nível máximo de todos os tempos em março desse ano e a tendência é continuar em alta”, declarou o economista sênior no Policy Center for the New South.
“Precisamos pensar no que pode ser feito, como políticas para mitigação, programas de transferência de renda e subsídios diretos aos preços, sementes e fertilizantes”.
Documento
Para finalizar, o coordenador do Núcleo Econômico da CNA citou que a Confederação elaborou um documento entregue ao governo brasileiro com medidas que ampliarão a oferta de alimentos.
As propostas para o PAP 2022/23 , segundo Conchon, “estão em linha de uma política expansionista, ao contrário das políticas de protecionismo adotadas por muitos países”.
Fonte: CNA
Equipe SNA