Preço do leite volta a cair e produtores já esperam ano igual ou pior que 2017

Preço dos lácteos subiu nas gôndolas e famílias reduziram consumo.

Após sete meses em alta, o preço do leite ao produtor em setembro (referente ao produto entregue em agosto) registrou queda de 7 centavos ou 4,6%. Os números fazem parte da “Média Brasil” líquida, calculada pelo Cepea. De acordo com o levantamento, o preço fechou em R$ 1,4748/litro. O mercado já espera que a produção em 2018 fique igual ou inferior a do ano anterior.

Apesar do recuo, a média de setembro ficou 36% superior à do mesmo mês do ano passado, em termos nominais. De acordo com o Cepea, a variação negativa nos preços ao produtor esteve atrelada ao consumo enfraquecido de lácteos, que, por sua vez, registravam valores elevados, devido justamente à forte valorização do leite no campo neste ano.

“Vale ressaltar que a lenta recuperação da economia e a instabilidade do cenário político têm fragilizado o consumo, tendo em vista que a demanda por lácteos só é estimulada quando o poder de compra do brasileiro aumenta”, afirmam os pesquisadores do centro de estudos da USP.

Diante da incapacidade do consumidor absorver novas altas, os técnicos explicam que houve a necessidade de realização de promoções em agosto e setembro, resultando em queda no preço ao produtor neste mês.

No acumulado da segunda quinzena de setembro (até o dia 26), o leite UHT negociado entre indústria e mercado atacadista do estado de São Paulo se desvalorizou 0,9%. “Apesar das vendas fracas, colaboradores relatam que os estoques estão baixos. Além disso, os volumes negociados de leite spot seguem estáveis, indicando que a oferta ainda segue enxuta, sem excedentes consideráveis para ‘inundar’ o mercado”, acrescentam os pesquisadores.

Por esse motivo, inclusive, o leite spot negociado em Minas Gerais registrou alta de 2,2% da primeira para a segunda quinzena de setembro.

Expectativa

Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, a expectativa é de queda nas cotações ao produtor para os próximos meses, com pressão vinda tanto da demanda, que segue fragilizada, quanto da oferta, já que o retorno das chuvas favorece a produção. No entanto, alguns fatores podem limitar esse possível crescimento da oferta, como o aumento dos custos de produção, especialmente por conta da valorização da ração.

“Isso associado ao cenário de queda na receita podem reforçar o desestímulo de produtores frente aos riscos de produção e comercialização, impactando os investimentos na atividade”, preveem os especialistas no levantamento.

Vale ressaltar, ainda, que a possibilidade de ocorrência do El Niño – fenômeno climático que influencia na distribuição das chuvas – entre novembro e dezembro pode prejudicar as pastagens e a safra de grãos.

Diante desse cenário, a expectativa de que a produção em 2018 fique estável ou caia em relação a 2017 ganha força entre agentes do setor. Assim, uma competição entre indústrias para garantir matéria-prima pode diminuir a intensidade da queda dos preços no campo nos próximos meses.

Equipe SNA / Rio

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