Preço do leite e importações podem afetar pecuária leiteira

O patamar atual do preço do leite no Brasil pode comprometer o crescimento do setor. Esse alerta foi feito pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Jônadan Ma, durante a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ocorrida nesta quinta-feira (25/02/16), em Brasília (DF).

“Sem um preço bom do leite, não conseguimos uma base da pirâmide sólida, que é a classe produtora de leite. Esta classe de produtores de leite é quem viabiliza e justifica o trabalho genético de nós, criadores. Se o produtor brasileiro não for protegido, todo investimento feito pelo mesmo em genética, instalações e capacidade nos últimos 15 anos será perdido, voltando ao patamar dos anos 90”, afirmou Ma.

A expectativa das tradings é aumentar o envio de leite para o Brasil em até 50% em 2016. O mercado está sendo afetado pela entrada de leite abaixo de R$ 10,00 o quilo de leite em pó, o que pode levar o laticínio brasileiro a parar de comprar ou ter que pagar menos de R$ 1,00 por litro de leite pago ao produtor. Isso aumenta o risco de quebra tanto do produtor quanto do laticínio. Outra ponderação feita pelo presidente da Girolando é em relação à má qualidade do leite em pó, vindo principalmente do Uruguai. Por ser reenvasado no Brasil, o produto importado pode prejudicar o mercado até no longo prazo, especialmente a imagem do leite em pó junto ao consumidor interno.

O presidente da Girolando apresentou durante seu pronunciamento na reunião da Câmara Setorial do Leite algumas propostas para garantir condições mais justas de mercado para todo o setor leiteiro. São elas:

  1. A) Necessidade de licença de importação para evitar que haja triangulação de leite pelo MERCOSUL e cumprimento de cotas
  2. B) Equiparação de venda para compras governamentais com recursos públicos a exportação: exigência de atestado pelo fiscal do SIF da procedência do leite fornecido, a cada lote.
  3. C) Análise previa de todos os lotes importados, antes da liberação na Aduana, em laboratório certificado pelo Ministério – Lanagro, para garantia da qualidade do produto, evitando produto de má qualidade no mercado brasileiro.
  4. D) Obrigação da indústria de estampar a data de fabricação original do leite em pó fracionado, e dar como validade máxima a data de validade do fornecedor no exterior – evitando venda de produto vencido rebatizado.
  5. E) Efetivação da tarifa de compensação nas importações de produtos lácteos vindos da Argentina, que está tendo subsídio na ordem de 2,96 centavos de dólar por litro. O governo precisa cumprir as normas de compensação tarifária quando houver confirmação dessas práticas desleais do comércio exterior que afetam a competitividade do produtor brasileiro.

Fonte: AI Girolando

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