O preço do leite recebido pelo produtor em abril subiu pelo terceiro mês seguido (considerando as entregas feitas em março), impulsionado pela menor captação pelos laticínios, devido ao avanço da entressafra, que provoca queda na produção nas fazendas.
Os cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostram que o preço líquido ao produtor (sem considerar frete e impostos), na “média Brasil” (GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA) ficou em R$ 1,2584/litro, alta de 2,6 centavos/litro (ou de 2,1%) em relação a março.
Segundo o Cepea, na comparação com abril do ano passado a alta foi de 9,8% em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março/17). O preço bruto médio do leite (que considera frete e impostos) foi de R$ 1,3688/litro, elevação de 2,1% frente a março/17 e de 9,2% em relação a abril/16, em termos reais.
Os pesquisadores comentam que de fevereiro para março o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) diminuiu 3% pelo quarto mês consecutivo de queda. Paraná e Santa Catarina tiveram as baixas mais significativas, de 4,9% e de 4,2% respectivamente. Na sequência, as captações de Minas Gerais e de Goiás caíram 4%. Apenas em São Paulo e na Bahia que a captação não foi negativa, em razão da maior precipitação no período, que possibilitou pastagens com maior qualidade.
Eles observam que a demanda enfraquecida e o menor poder de compra dos consumidores têm limitado a alta dos preços do leite no campo. “Indústrias e laticínios continuam com dificuldades para repassar a valorização da matéria-prima para os derivados lácteos sem prejudicar as vendas.”
De acordo com a pesquisa de derivados realizada pelo Cepea com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), abril foi marcado pela oscilação de preços do leite UHT no mercado atacadista do estado de São Paulo. No balanço do mês, o preço médio do UHT foi de R$ 2,63/litro, alta de 1,6% em relação a março.
Mesmo com a menor oferta de matéria-prima e com as perspectivas de diminuição da captação para os próximos meses, a expectativa do setor é de que os preços não subam significativamente em maio. A maioria dos agentes entrevistados pelo Cepea (55,3%) que representa 60,2% do leite amostrado acredita em estabilidade para maio. Outros 40%, que representam 38,9% do volume amostrado, indicam leve alta dos preços. Apenas 4,7% dos colaboradores (que representam 0,9% do volume) apostam em queda nas cotações.
CUSTOS
Os gastos com mão de obra na pecuária leiteira subiram 3,6% nos dois primeiros meses deste ano, considerando-se a “média Brasil” (que engloba os estados de MG, SP, GO, BA, PR, SC e RS), segundo pesquisa do Projeto Campo Futuro, uma parceria do Cepea com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A elevação, segundo pesquisadores do Cepea, está atrelada ao reajuste no valor do salário mínimo. Apesar deste aumento, o COE (Custo Operacional Efetivo) da atividade caiu 1,1% no primeiro bimestre deste ano, também na “média Brasil”, resultado da diminuição nos gastos com o concentrado.
A mão de obra é o segundo item que mais pesa no bolso do produtor de leite, com participação média de 15,5% no COE de janeiro a fevereiro de 2017 – em primeiro lugar está o concentrado, representando 44,3% dos desembolsos correntes no mesmo período. De setembro/16 a fevereiro/17, os gastos com concentrado caíram 10,6%, devido às quedas nas cotações do milho e do farelo de soja.
Para os próximos meses, são esperados aumentos nos salários de outras regiões, o que deve manter elevado o custo com mão de obra. Análises do Cepea mostram que o aumento de 1% no custo da mão de obra reflete na elevação de 0,16% do COE da “média Brasil”, se considerada estabilidade para os demais custos com a atividade.
Fonte: Globo Rural