Não foi apenas o arroz que subiu vertiginosamente neste ano no país. Seu fiel companheiro nos pratos dos brasileiros, o feijão, também registrou altas de mais de 75% no campo e superior a 20% nas gôndolas dos supermercados. Mas os preços da leguminosa deverão cair um pouco antes, já em novembro, quando alguns lotes da terceira safra de feijão chegarem ao mercado.
No caso do feijão, o aumento de consumo motivado pela pandemia da Covid-19 foi o principal fator para a disparada. Estudo da Universidade de São Paulo com 10.000 pessoas em todas as regiões do País concluiu que o consumo aumentou 10% nos últimos seis meses.
“Estamos falando de 150.000 toneladas no período. As famílias, sem comer fora, voltaram à base brasileira de consumo, com arroz e feijão”, afirmou Marcelo Lüders, presidente da Associação Brasileira de Feijão e Pulses (Ibrafe).
Mas o feijão carioca já apresentava oferta menor desde o verão. Devido aos bons preços da soja, muitos produtores optaram por dedicar mais área à oleaginosa. A área semeada caiu 1%, para 914.500 hectares, segundo a Conab.
“Por fim, a segunda safra passou por problemas climáticos nas principais regiões produtoras do Sul e Sudeste, reduzindo ainda mais a oferta”, disse Lüders. A colheita somou 1.25 milhão de toneladas, com queda de 4% em relação ao ciclo anterior, embora a área tenha crescido 0,60%.
Em função disso, o preço da saca atingiu a média de R$ 270,00 em agosto, com picos de R$ 300,00. “Parece uma fortuna, mas os custos ao produtor também subiram por causa do dólar”, afirmou o presidente do Ibrafe. Em seus cálculos, a saca em dólar está próxima ao patamar histórico – US$ 39,31 em agosto, em média.
Mas, diante dos valores em reais remunerando bem o produtor, a tendência é que uma terceira safra chegue ao mercado em dois meses e os preços caiam para entre R$ 200,00 e R$ 250,00 a saca. “A não ser que tenhamos problemas climáticos, o abastecimento estará mais do que garantido. Mas sem sobras”, disse Lüders.
Uma diferença essencial entre o arroz e feijão é que a leguminosa é uma cultura de ciclo mais curto (75 a 90 dias). Logo, ajustes às condições de mercado são mais rápidos. Já o arroz é colhido entre 110 e 155 dias. E o feijão é semeado em todo o País, enquanto o arroz é concentrado no Rio Grande do Sul.
Valor Econômico