Poupança rural e depósito à vista dificultam o pré-custeio no Brasil

Devido à queda no trimestre dos volumes de depósitos à vista e da poupança rural, tradicionais fontes de recursos destinados ao crédito rural, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, afirmou ontem, na Comissão de Agricultura do Senado, que a instituição conta somente com R$ 4 bilhões de recursos a juros controlados (que incluem subsídios do governo e portanto têm taxas menores que as do mercado) para empréstimos de pré-custeio da próxima safra. A demanda total estimada entre abril e junho, entretanto, chega a R$ 7 bilhões.

Por conta disso, o banco resolveu ofertar um crédito adicional de R$ 3 bilhões, provenientes de um “mix” entre depósito à vista e poupança rural e recursos próprios, provenientes sobretudo de Letras de Crédito Agrícola (LCA). Mas essa mistura faz com que a taxa de juros aumente para um patamar entre 9,5% e 10,5%, superior à média de 6,5% que vigora no atual Plano Safra 2014/15, como informou o Valor na segunda-feira.

Produtores rurais em todo país vêm se queixando há dois meses de dificuldades em tomar empréstimos para pré-custeio da safra junto ao Banco do Brasil. “Eu não gostaria de estar praticando essa taxa, mas é melhor o produtor ter opção do que ficar sem crédito”, afirmou Dias a senadores, principalmente defensores do setor do agronegócio no Congresso Nacional. “Mas essa taxa de juros não é para a safra 2015/16. É emergencial, para corrigir esse problema”, disse.

O executivo reiterou que “essas dificuldades momentâneas” são decorrentes da queda no volume de aplicações em poupança rural e depósito à vista, que “estão puxando para baixo o funding do banco em crédito rural”. Mas Osmar Dias afirmou, no entanto, não acreditar que o cenário de insuficiência de recursos tenderá a se repetir ao longo do próximo ciclo. “O Banco do Brasil já adotou medidas para estimular a poupança em relação a outros fundos. Teremos outro cenário”, completou.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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