O início da safra 2016/17 de grãos em Goiás está sendo marcado pela cautela. Autorizado desde o dia 1º de outubro, o plantio ainda segue lento devido à irregularidade de chuvas nas principais áreas de produção. Muitos agricultores que começaram a semeadura após as primeiras chuvas deste mês interromperam os trabalhos no campo com receio da descontinuidade das precipitações.
A recomendação é aguardar a umidade adequada, evitando assim a formação desuniforme da população de plantas, que pode levar à necessidade de replantio, um processo caro, trabalhoso e possivelmente dificultado este ano em função da reduzida oferta de sementes. Para a região sudoeste, há expectativa de avanço no cultivo mais ao final de outubro. Já no centro-norte goiano, o plantio deve se firmar em novembro.
Com a ocorrência do fenômeno climático La Niña, é esperada maior regularidade de chuvas, o que sinaliza previsões mais animadoras de produtividade. O primeiro levantamento da safra 2016/17 realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), calcula a produção recorde de 10.38 milhões de toneladas de soja em 3.35 milhões de hectares, área praticamente estável em relação ao último ciclo.
No caso do milho verão, a tendência em Goiás é de ampliação das lavouras para 260 mil hectares. A estimativa de incremento de 10% na comparação com o ano anterior é justificada pelo cenário de preços ainda remuneradores do cereal e também pela necessidade de cumprimento de contratos da safrinha encerrada em agosto, que apresentou quebra de até 50% em alguns municípios. Segundo os números da Aprosoja-GO e da Faeg, a primeira safra de milho deve chegar a 1.95 milhão de toneladas.
Dificuldades
Apesar das boas perspectivas de produção de grãos em Goiás, os produtores estão enfrentando dificuldades de acesso ao crédito e expectativa de menor rentabilidade, pois as cotações futuras já se mostram inferiores às negociadas nos últimos meses. “Temos um cenário de preços baixos e custos altos. Nessa safra, o produtor vai trabalhar no limite. Por isso, a importância da gestão e de se obter maior produtividade”, disse o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira.
Segundo ele, a renegociação das dívidas contraídas por causa da estiagem em 2016 tem sido um processo moroso, e muitos produtores estão com o nome negativado. Bartolomeu explica que o Conselho Monetário Nacional (CMN) está exigindo, para a revisão dos débitos, que os decretos de emergência municipais tenham sido reconhecidos pelo Ministério da Integração Nacional, o que tem travado os processos.
Entidades ligadas aos produtores estão dialogando com o Ministério da Agricultura para revogar essa exigência e aceitar que os laudos emitidos por responsáveis técnicos ou órgãos estaduais e municipais sejam documentos suficientes para a renegociação. “É muito importante que estes produtores consigam renegociar seus débitos, pois dependem de novos financiamentos para custear as lavouras”, afirma o presidente da Aprosoja-GO, que também é vice-presidente institucional da Faeg.
Fonte: Aprosoja Goiás