O plantio de soja no Brasil alcançou 21% da área estimada da safra 2019/20 até a última quinta-feira (17/10), segundo informação da AgRural. O avanço foi de 10% em relação à semana anterior. O plantio está em linha com a média dos últimos cinco anos. Há um ano, o plantio era de 34% da área.
De acordo com a consultoria, Mato Grosso impulsionou novamente o bom ritmo da semana. A AgRural informou que, até a última quinta-feira, o estado “já havia plantado quase metade da sua área de soja”, ainda que chuvas estejam irregulares em alguns pontos.
Já o Paraná plantou 33% de área até quinta – percentual mais baixo para esta época do ano desde 2011/12. O atraso na safra paranaense pode prejudicar a segunda safra de milho do estado no próximo ano.
Segundo a AgRural, parte dos produtores do oeste paranaense precisará replantar, e também se fala em replantio em áreas de São Paulo e de Mato Grosso do Sul.
Para a ARC Mercosul, o plantio de soja no Brasil avançou para 22,80% da área estimada no País na safra 2019/20, compensando um atraso inicial em relação à média histórica para o período, após as chuvas atingirem especialmente o Mato Grosso.
Segundo a consultoria, em uma semana, o plantio avançou 13,30%, ficando ligeiramente acima da média de 22,70% para esta época do ano. No entanto, os trabalhos ainda estão atrasados em relação ao mesmo período em 2018, quando já haviam sido plantados 35,9% da área estimada, beneficiado por mais chuvas do que neste ano.
“Essa semana, o plantio de verão brasileiro ganhou ritmo, com o Mato Grosso liderando o avanço. As chuvas estão voltando, gradativamente, a se regularizar pelo centro-sul do Brasil”, disse o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, à Reuters.
Progressão
O plantio de soja em Mato Grosso, maior produtor brasileiro da oleaginosa, avançou nesta semana para 41,80% da área estimada de 9.77 milhões de hectares. A progressão foi de 23% em relação ao percentual divulgado na sexta-feira anterior, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Quanto mais acelerado o cultivo da soja, melhor é a janela climática para o plantio da segunda safra de milho e algodão. Começando de forma mais lenta este ano devido a chuvas mais fracas, o plantio ganhou ritmo nesta semana com mais umidade.
Com o avanço desta semana, Mato Grosso está à frente da média histórica para o período de 29,59%, mas ainda fica atrás do registrado na mesma época da safra anterior (50,95%). Algumas áreas do estado, como o noroeste e o oeste, ainda estão quase 20% abaixo do registrado na mesma época do ano passado.
Outros estados de produção relevante, como o Paraná e Goiás, ainda não receberam chuvas em volumes necessários para regularizar o plantio, informou Pereira, da ARC Mercosul.
“Infelizmente, ainda há regiões no oeste do Paraná, centro-norte de Goiás e oeste da Bahia que não receberam precipitações o suficiente para manter os trabalhos de campo. No Paraná, especialmente, as taxas de replantio serão altíssimas”, disse.
A Reuters reportou na semana passada ocorrências de replantio no Paraná, algo que eleva os custos para os produtores.
A ARC Mercosul afirmou que nos dez primeiros dias de novembro um padrão de chuvas escassas, estratificadas e irregulares volta a estacionar sobre os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e toda a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), “desacelerando o plantio novamente”.
Mercado interno
Em relação aos preços, as cotações subiram em outubro, registrando alta de 2,79% nos portos e de 3,52% no interior. “A cotação da soja em Chicago voltou a subir e o dólar registrou a maior queda em mais de seis semanas, caindo 1,22% e ficando cotado a R$ 4,1193″, explicou Luiz Fernando Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica.
“Isso fez com que os preços que os compradores ofereceram sobre rodas nos portos do sul do Brasil ou seus equivalentes em outros estados, registrassem expressiva queda de 0,99% para a média de R$ 89,18/saca, contra R$ 90,07, do dia útil anterior. Com isto, o acumulado do mês devolveu parte dos ganhos, atingindo 2,79% contra os 3,82% do dia anterior”.
No interior, no entanto, a queda foi menor, de 0,37%, para R$ 83,72/saca, contra R$ 84,03 do dia anterior, com o acumulado caindo para 3,52%, contra 3,91% do dia anterior.
“Os preços do mercado físico do Rio Grande do Sul se mantiveram a R$ 90,50, no porto. No mercado interno, Passo Fundo também se manteve a R$ 85,50, pagos pelas indústrias, mas em Ijuí o preço oferecido pelos exportadores também se manteve a R$ 85,50. Estima-se que a safra de soja do Rio Grande do Sul já esteja 80% negociada”, disse Pacheco.
“No Paraná, na região de Maringá e Londrina, a estimativa é de que foram negociadas de 200.000 a 250.000 toneladas na semana, na faixa de R$ 83,00 e R$ 84,00”.
Broadcast Agro/Reuters/Agrolink