Plano Safra 24/25: Adiamento do anúncio frustra setor……

No setor produtivo e no mercado financeiro, a avaliação é que o Plano Safra 24/25 atenderá expectativas de ficar perto dos R$ 500 bilhões, com crescimento perto de 15% no montante ofertado. Imagem ilustrativa de Freepik

Um atraso com justificativas, mas também dúvidas

Esperado para a última quarta-feira, 26 de junho, o anúncio do Plano Safra 24/25 foi adiado, de última hora, para 3 de julho, nesta semana. A cerimônia no Palácio do Planalto chegou a ser confirmada pelo Ministro Carlos Fávaro, do MAPA, mas um pedido de última hora por uma “linha específica” de crédito, feito pela Presidência da República, é a causa apontada para que a equipe econômica precisasse de mais tempo de trabalho. O ministro Fernando Haddad garantiu, no entanto, que a nova medida não terá impacto fiscal.

No setor produtivo e no mercado financeiro, a avaliação é que o Plano Safra 24/25 atenderá expectativas de ficar perto dos R$ 500 bilhões, com crescimento perto de 15% no montante ofertado. Internamente, o governo tenta baratear a linha em dólar oferecida pelo BNDES a cooperativas e produtores a juros livres.

Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), declarou: “O Plano deverá ter recursos acima de R$ 500 bilhões, mas com recursos livres. O governo deverá dar uma carga forte na questão do BNDES e na tomada de recurso em dólar, principalmente para commodities globais”.

Segundo Freitas, as cooperativas de crédito deverão atender 40% dos contratos de custeio no país na próxima safra. A SNA vem abordando que, devido ao perfil mais pulverizado que os bancos tradicionais, as cooperativas rurais conseguem chegar a um público significativo, respondendo por 343 mil contratos na safra atual. Ele finaliza lembrando que, por não contar com os mesmos mecanismos de lastro dos bancos, os ajustes dos critérios de exigibilidade são inevitáveis, mas segue otimista: “Temos chance de um crescimento imenso”.

O mercado financeiro espera um direcionamento maior nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), elevando o montante disponível para emprestar ao campo. Essa modalidade robusteceu a participação dos bancos privados na última safra, que desembolsou R$ 97,3 bilhões em financiamentos de crédito rural até maio, capitaneados por Itaú, Bradesco e Santander. Os três desembolsaram quase R$ 36 bilhões em operações alimentadas com recursos das LCAs emprestados a juros livres.

Reações veementes

Apesar de todas as razões apontadas para o adiamento no anúncio, a frustração marcou o tom das reações. Numa relação já desgastada e tensa com o governo, a bancada do agronegócio não escondeu sua decepção. Entidades do setor foram incisivas nas críticas. Em nota republicada neste Portal, a FPA foi uma das que usou um tom mais duro, e lembrou que o plano atual acaba em 30 de junho, o que deixará produtores descobertos nos três primeiros dias da nova vigência, prejudicando o planejamento e fazendo com que os números anunciados já nasçam defasados.

Enquanto ministérios e suas equipes se mobilizam para chegar a 3 de julho com tudo pronto, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, buscou minimizar: “Precisava preparar a entrega. Como a gente vai fazer uma entrega bonita, para vocês tirarem foto, não dava para fazer de hoje para amanhã. Então, ganhamos uma semana para preparar o evento”. A fala veio num momento em que circulavam rumores sobre divergências entre as pastas envolvidas nas negociações finais.

Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290) marcelosa@sna.agr.br

 

 

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